Domingo, 05 de outubro de 2025

Perto de completar quatro anos, investigação sobre caso Marielle ainda busca mandantes

O assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes vai completar quatro anos nesta segunda-feira (14) sem respostas sobre os mandantes e a motivação do crime.

A força-tarefa do MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) que atua no caso afirmou que, nos últimos três meses, colheu novos depoimentos relacionados à segunda fase da investigação, que busca esclarecer quem planejou o atentado, ocorrido no dia 14 de março de 2018 no Rio.

Segundo o MP, ainda está pendente de análise pelo STF (Supremo Tribunal Federal) o recurso sobre o compartilhamento de dados de interesse para a investigação. A Promotoria já havia obtido decisão no STJ (Superior Tribunal de Justiça) que obrigava o Facebook a disponibilizar dados telemáticos considerados importantes para o aprofundamento das investigações sobre os mandantes.

Também está em análise no STJ o julgamento de recurso especial relacionado ao agendamento do júri popular de Ronnie Lessa e Élcio de Queiróz. A dupla está presa sob acusação de executar o crime.

“Após a conclusão da primeira fase da investigação, que comprovou a autoria do crime, o Gaeco/FTMA (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado para o caso Marielle Franco e Anderson Gomes) reafirma o empenho e emprego de todos os esforços para a obtenção dos elementos de prova a fim de alcançar os mandantes do crime”, informou por meio de nota.

Em paralelo, a apuração da Divisão de Homicídios trocou o delegado do caso pela quinta vez. Procurada, a Polícia Civil ainda não se manifestou sobre o andamento das investigações.

Quinta vereadora mais votada do Rio, Marielle Franco foi executada com quatro tiros ao sair de um evento na Casa das Pretas, localizada na Lapa, região central do Rio, no dia 14 de março de 2018.

Imagens de câmeras de segurança registraram o início da perseguição de um veículo prata ao carro da parlamentar. No entanto, os disparos foram feitos em uma rua onde não havia sistema de monitoramento.

Até o momento, a arma usada no crime não foi encontrada. Uma denúncia revelou que o armamento foi lançado ao mar na Barra da Tijuca, na zona oeste.

Em desdobramento das investigações, a esposa e o cunhado de Ronnie Lessa foram presos, além de outras duas pessoas, por atrapalhar a apuração.

Sob escolta

Parlamentares do PSOL denunciaram ameaças nos últimos anos, o que consideram um reflexo dos assassinatos ainda sem solução. A dificuldade para identificar os mandantes torna cada vez maior o risco para a atuação de mulheres na política, sobretudo as negras, afirmou a deputada estadual Renata Souza (PSOL). Para ela, a morte da vereadora foi um “feminicídio político”. Renata circula com seguranças. O mesmo ocorre com outras parlamentares negras que receberam ameaças de morte.

“O conceito de feminicídio político surge após o assassinato de Marielle Franco como um conceito quase que existencial”, disse. “Estou falando de mulheres que estão na linha de frente da política, que sofrem um processo de violência política constante, que pode chegar a um feminicídio político. Isso é muito sério.”

Primeira vereadora trans da Câmara Municipal de São Paulo, Érika Hilton (PSOL) afirmou na CPI da Violência Contra Pessoas Trans e Travestis, na quinta-feira, que foi ameaçada de morte várias vezes. Como Renata, vive sob escolta. Outra vereadora trans, Benny Briolly (PSOL), de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, sofreu três ameaças de morte.

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL), que era amiga de Marielle, precisou sair do Rio por causa de ameaças. Para ela, a demora na resolução do crime expõe a “fragilidade da democracia brasileira”. “Enquanto não temos resposta a essa execução política, os casos de violência contra nós só aumentam”, disse.

“Além de termos que lidar com as dificuldades inerentes a uma sociedade fundamentada no racismo estrutural, também corremos o risco de não podermos exercer o mandato para o qual fomos eleitas.”

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