Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 22 de abril de 2025
O consumo de álcool contribui para o envelhecimento do cérebro, inclusive em adultos jovens. Segundo pesquisa publicada em fevereiro no periódico “Alcohol: Clinical & Experimental Research”, a bebida provoca alterações que podem comprometer o desempenho cognitivo. Conduzido por cientistas da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, o estudo é o primeiro a demonstrar essa associação por meio de uma ferramenta de inteligência artificial.
Já é conhecido que o consumo excessivo de álcool leva ao declínio cognitivo. “O álcool é sabidamente tóxico. Ele deprime o sistema nervoso central e, a cada episódio de consumo excessivo, milhares de neurônios morrem”, explica o neurologista Ivan Okamoto, do Hospital Israelita Albert Einstein. O abuso pode desencadear um quadro conhecido como demência alcoólica, que afeta a memória e outras funções cognitivas. “O cérebro sofre atrofia a longo prazo. É um quadro irreversível”, adverte o especialista. “Quanto mais cedo a pessoa começa a beber, maior é o risco de dependência”, acrescenta.
Para investigar a relação entre o consumo de álcool e o desempenho cognitivo, os pesquisadores avaliaram 58 voluntários com idades entre 22 e 40 anos, que relataram consumo leve ou moderado. Eles foram submetidos a testes cognitivos que medem a chamada flexibilidade comportamental — capacidade de adaptação a mudanças, por exemplo –, além de exames de ressonância magnética.
Em seguida, uma ferramenta de inteligência artificial cruzou todas as informações, incluindo idade, histórico de consumo de álcool e desempenho nos testes, para estimar a idade cerebral de cada participante. Os resultados mostraram que, quanto maior a pontuação relacionada ao uso de álcool, maior o número de erros nos testes e mais acelerado o envelhecimento do cérebro.
De acordo com os autores, os achados indicam que mesmo pequenas quantidades da substância podem envelhecer o cérebro mais do que se imaginava. No entanto, os pesquisadores destacam que são necessários novos estudos para avaliar os impactos no declínio cognitivo ao longo do tempo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que não existe um nível de consumo de álcool que seja completamente seguro. Mesmo em doses baixas, a bebida pode representar riscos, que variam conforme a quantidade, frequência e características individuais. Já o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, define o consumo moderado como, no máximo, duas doses diárias para homens e uma para mulheres.
(Com informações jornal Estado de S.Paulo)