Terça-feira, 19 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de agosto de 2025
O Boletim Focus, análise semanal realizada pelo Banco Central, mostrou pela 12ª semana seguida a redução nas expectativas para a inflação de 2025.
O documento, que resume a previsão do mercado financeiro para os principais indicadores da economia, mostrou que os investidores agora esperam o IPCA, indicador oficial da inflação, em 4,95%, ante 5,05% na semana passada. É a primeira vez desde o início de janeiro que a expectativa para o indicador fica abaixo de 5%.
Para analistas, a revisão do indicador tem refletido o arrefecimento dos últimos indicadores da economia, que vem seguidamente demonstrando desaceleração da atividade diante do atual patamar da taxa básica de juros, em 15%. O documento é uma das referências utilizadas pelo BC para balizar a política de juros.
Reflexo do esfriamento
O IBC-Br foi mais um indicador que veio abaixo das previsões, caindo 0,1% em detrimento da expectativa de alta de 0,1%. Divulgada na semana passada, a inflação de julho foi de 0,26%, ante expectativa de 0,35%. No varejo, as vendas cederam 0,1%, caindo pelo terceiro mês seguido.
Para Rodolfo Margato, economista da XP, há uma conjunção de fatores que levam à revisão:
— Há alguns meses observamos perda de tração nos setores mais sensíveis ao ciclo econômico, como em varejistas, na produção de indústria de transformação e, em parte, nos serviços, levando a uma trajetória mais benigna da inflação daqui para frente — disse.
Outro fator que contribui para a previsão menor da inflação é a desvalorização do câmbio. No ano, a moeda americana já registra queda de 12,5%.
— Mais do que contribuir, ele (o dólar) é um dos fatores dessa surpresa de inflação mais fraca. Nos últimos meses, vimos isso se refletindo, como em bens industrializados esfriando — afirmou Leonardo Costa, economista da financeira Asa.
A perspectiva é que, no segundo semestre, os números sigam correspondendo à desaceleração diante do atual patamar da taxa básica de juros, hoje em 15% ao ano.
— Os juros colaboram (para o cenário). Já tínhamos dados de crédito indicando algum esfriamento, mais fracos nesse 2º trimestre e, compondo essas várias peças, vemos um cenário mais fraco depois de um começo de ano mais forte — diz Costa, que vê o emprego ainda forte por conta de um natural retardo do impacto dos juros. Também revelado na semana passada, o mercado de trabalho atingiu a menor taxa da série histórica, a 5,8% no último trimestre.
Ambos analistas indicam que os dados favorecem que o ciclo de corte de juros possa ser antecipado, de janeiro para dezembro, movimento que já é visto embutido na curva de juros negociados no mercado:
— Nossa expectativa é de início de um ciclo de afrouxamento em janeiro, mas com maior probabilidade de um corte ao final deste ano — afirmou Margato, da XP.
Apesar da desaceleração da inflação, a previsão para o PIB, câmbio e Selic ao fim de 2025 se mantiveram iguais as da semana anterior, respectivamente em 2,21% de crescimento, dólar a R$ 5,60 e taxa básica a 15%. Para 2026, o mercado financeiro vê o IPCA em 4,40%, o PIB a 1,87%, o câmbio a R$ 5,70 e a Selic no fim do próximo ano a 12,5%. Com informações do portal O Globo.