Sábado, 15 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 15 de novembro de 2025
Após comemoração inicial, exportadores brasileiros de carne, café e frutas adotaram um tom mais cauteloso e até pessimista em relação à redução das tarifas de importação pelos Estados Unidos. Na sexta-feira (14), os EUA reduziram a taxa global de 10% para cerca de 200 produtos, mas mantiveram a sobretaxa de 40% ao Brasil.
“Melhorou para os nossos concorrentes e piorou para o Brasil”, disse o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos.
O café brasileiro estava sendo taxado em 50% nos EUA. Com o anúncio de sexta, a tarifa caiu para 40%, mas grandes concorrentes, como a Colômbia e o Vietnã, tiveram a sua tarifa zerada, explicou Matos.
“Muitos já tinham acordo bilateral formado, outros estavam com 10% como a Colômbia e a Etiópia”, disse o diretor.
O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, reafirmou a preocupação do setor.
“[A taxa de] 40%, se ficar, continua proibitiva e não muda nada. O Brasil continua totalmente fora do jogo”.
Os Estados Unidos são o principal comprador do café brasileiro e respondem por cerca de 16% de tudo o que o país exporta, segundo o Ministério da Agricultura. Com o tarifaço, as importações americanas de café do Brasil caíram pela metade (51,5%) entre agosto e outubro, em relação ao mesmo período de 2024, informou o Cecafé.
Já o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, afirmou que a decisão dos EUA é “uma boa sinalização para o mercado brasileiro”.
“Os Estados Unidos são o nosso segundo maior mercado para a exportação de carne bovina e estava fazendo falta”.
“É um motivo de comemoração comedida, mas com uma perspectiva muito positiva para que a gente possa ter a retirada total das tarifas”, disse Perosa.
A Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) viu a medida como “um avanço relevante para o setor”, mas disse que se preocupa com o fato de a uva, segunda fruta brasileira mais exportada para os EUA, ter ficado de fora da lista das exceções.
“Mais de US$ 40 milhões foram enviados no ano passado só para os Estados Unidos, de uva. Então vai afetar”, disse o diretor-executivo da Abrafrutas, Eduardo Brandão.
O Brasil exporta uva para os EUA a partir de setembro, quando a colheita começa. Segundo a associação, as exportações da fruta para o país caíram 73% em valor e quase 68% em quantidade, no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2024.