Sábado, 18 de maio de 2024

Planalto muda critérios para Lula participar de ato público

O fiasco de público no ato de 1º de Maio causou desdobramentos no Palácio do Planalto. Daqui para frente, garantem interlocutores, haverá um filtro mais rigoroso para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcar presença em eventos. Auxiliares reconhecem que o petista ficou com a imagem política fragilizada ao ser fotografado ao lado do vazio, e reclamam que ele deveria ter sido orientado a não comparecer à comemoração do Dia do Trabalhador.

O alerta, de acordo com essa avaliação interna. caberia ao ministro da Secretaria-geral da Presidência, Márcio Macêdo, que não o fez. Por isso Lula reclamou publicamente, principalmente porque os recados dos sindicalistas já tinham sido enviados ao Planalto, inclusive em declarações públicas.

“Eu falei que Lula ia passar vergonha. O fracasso da manifestação mostrou o ápice da falência do sindicalismo, que se afastou do povo e o governo também”, afirmou o deputado Paulinho da Força, nome histórico da Força Sindical.

Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Juruna, o foto do esvaziamento do ato é “ótima”. “Expõe a realidade e obriga o movimento a repensar sua forma de agir”, provocou. A declaração revela que o sindicalismo foi para o divã e precisa se guiar por novas vozes. “O movimento sindical tem que ser amplo, mas não consegue porque os radicais acham que é só discurso ideológico”, avaliou.

Juruna defende ações atrativas. “Precisamos conversar com todos os trabalhadores e não só com a esquerda. Antigamente fazíamos sorteios, eventos variados. É como na igreja: tem quermesse, tem quadrilha junina, tem aproximação. Às vezes, a pessoa comparece sem ser uma seguidora, mas se identifica e passa a fazer parte”.

Pelo menos em uma análise, sindicalistas e auxiliares de Lula concordam, após o fiasco da quarta-feira: o presidente ainda vê os trabalhadores como os via na década de 1980. Ou seja, está desconectado das novas demandas da classe.

Para o economista Hélio Zylberstajn, o insucesso da manifestação organizada pelas centrais sindicais aponta dois ângulos da crise: “Primeiro vemos a crise do movimento sindical distante das bases e dos trabalhadores; e segundo observamos o sindicalismo em crise com o governo Lula, porque a base do movimento é o setor público, que está em greve e insatisfeito com a atual gestão”.

Zylberstajn critica a desconexão dos sindicatos e do governo com o atual mercado de trabalho. Como exemplo, cita o projeto enviado ao Congresso para regulamentar o trabalho de motorista de aplicativo. Mas ele torce por uma renovação e pela sobrevivência dos sindicatos. “Espero que essa desconexão não leve à morte. Precisamos de um movimento sindical, mas não este aí”, concluiu.

O ato das centrais sindicais no Dia do Trabalho, que contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no estacionamento da Neo Química Arena, em Itaquera, reuniu menos de duas mil pessoas. A estimativa é do Monitor do Debate Político da Universidade de São Paulo (USP), que também calculou a presença de apoiadores nas manifestações convocadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, na capital paulista, e na Praia de Copacabana, no Rio.

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