Quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Polêmica dos juros: “Quanto mais independente, mais eficaz”, diz chefe do Banco Central, alvo de Lula

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a autonomia da instituição serve para separar as diretrizes monetárias da esfera política. A declaração foi feita nessa terça-feira (7), em no evento “2023 Milken South Florida Dialogues”, em Miami, nos Estados Unidos.

Campos Neto vem sendo criticado nos últimos dias pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que afirma que a taxa de juros básicos da economia deveria ser reduzida.

Em sua última reunião, na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic em 13,75% ao ano.

Diferentemente de seus outros mandatos, agora Lula não pode trocar o presidente do BC. A autonomia do BC, defendida pelo governo Jair Bolsonaro, foi aprovada pelo Congresso em 2021.

Em sua fala, o presidente do BC não falou diretamente sobre os recentes atritos com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“A principal razão no caso da autonomia do Banco Central é desconectar o ciclo da política monetária do ciclo político porque eles têm planos e interesses diferentes. E quanto mais independente você for, mais eficaz você é e menos o país pagará em termos de custo de ineficiência na política monetária”, afirmou Campos Neto.

O mandato de Campos Neto, iniciado em fevereiro de 2019 durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), vai se encerrar em dezembro de 2024.

Críticas de Lula

Na segunda-feira (6), em discurso durante evento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lula criticou a Selic a 13,75% e disse que o país tem uma “cultura” de juros altos que “não combina com a necessidade de crescimento” do país.

“O problema não é de banco independente”, afirmou Lula na ocasião. “O problema é que este País tem uma cultura de juro alto”, acrescentando que “é só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira”, disse Lula na ocasião.

Nesta terça, ele voltou ao assunto em entrevista a veículos de mídia alternativa.

“Não é possível que a gente queira que este país volta a crescer com taxa de 13,75%. Nós não temos inflação de demanda. É só isso. É isso que eu acho que esse cidadão [Campos Neto], indicado pelo Senado, tenha possibilidade de maturar, de pensar e de saber como vai cuidar deste país. Ele tem muita responsabilidade”, afirmou o presidente.

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