Quarta-feira, 16 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 12 de novembro de 2023
A Polícia Federal cumpriu mais um mandado de busca e apreensão no âmbito da Operação Trapiche, que investiga a existência de um plano terrorista para atacar alvos judaicos no Brasil. Duas pessoas suspeitas de ligação com o Hezbollah no país já foram presas. Mandados de busca também foram cumpridos em Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal.
As ações foram determinadas pela Justiça Federal de Belo Horizonte. Em nota, a corporação afirmou que a operação visa “interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país”.
Em depoimento à PF, um dos alvos de busca relatou que foi a Beirute, capital do Líbano, em abril, para receber uma proposta de emprego. Cercado de homens armados, uma pessoa apontada como “chefe” teria lhe oferecido a ‘aquisição de um táxi para trabalhar e colher dados de pessoas’. Ele também lhe explicou que precisava de gente capaz de “matar e sequestrar” e que o trabalho “não era uma atividade limpa”.
Aos investigadores, o suspeito disse que recusou a oferta e deixou claro ao tal líder que “não era a pessoa certa para realizar este serviço”. Na ocasião, ele não foi informado sobre qual organização aqueles homens pertenciam, mas “concluiu” posteriormente que poderia se tratar do Hezbollah.
A PF suspeita que o grupo extremista libanês tentou aliciar o brasileiro para realizar ataques contra alvos específicos no Brasil, como sinagogas e centros judaicos. O suspeito chegou a receber ao todo US$ 600 dólares (R$ 3.000 em espécie) do grupo, que falava árabe, português e inglês.
“O declarante compreendeu que se tratava de uma organização extremista que tentava recrutá-lo”, diz a transcrição do depoimento. A identidade do homem não foi revelada e ele foi liberado em seguida.
Os outros dois homens que foram presos temporariamente pela PF foram ouvidos. Um deles preferiu ficar em silêncio, enquanto que o outro disse que foi ao Líbano para negociar ouro e agrotóxicos e negou ter relações com o Hezbollah.
A PF ainda procura um libanês e um sírio com nacionalidade brasileira que estão no exterior – o nome deles foi incluído na lista da difusão vermelha da Interpol. O sírio já era monitorado pela PF há um tempo por contrabando de cigarros eletrônicos. A maior parte dos mandados de busca cumpridos em Minas ocorreram em endereços ligados a ele.