Quinta-feira, 19 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de junho de 2025
Relatório da Polícia Federal (PF) no inquérito da “Abin paralela” aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro acompanhava diretamente ações clandestinas de monitoramento contra opositores e até contra ex-integrantes de seu próprio governo.
Segundo os investigadores, a espionagem visava atender aos interesses do chamado “núcleo político” da organização criminosa instalada no alto escalão federal.
Entre os alvos das operações está o advogado Roberto Bertholdo, preso em 2020 no contexto de investigações sobre irregularidades na saúde do Rio de Janeiro.
De acordo com o documento da PF, as ações contra Bertholdo e Giacomo Romeis tinham como objetivo final atingir o então ministro Onyx Lorenzoni.
A Polícia Federal afirma que a operação era “devidamente acompanhada por Jair Bolsonaro”, conforme descrito em uma anotação com o título “PR Presidente”, produzida por Alexandre Ramagem, então diretor da Abin e hoje deputado federal.
A anotação, criada em 5 de maio de 2020 e modificada pela última vez em março de 2023, continha mensagens encaminhadas ao então chefe do Executivo.
Segundo a PF, as diligências realizadas “no interesse do núcleo político” eram relatadas diretamente ao ex-presidente.
Conversas entre Giancarlo Gomes Rodrigues e Marcelo Bormevet reforçam o objetivo de vincular opositores e desafetos ao núcleo político do governo, lançando mão de mecanismos de inteligência para espionagem sem autorização judicial.
Grupo
Integrantes do que ficou conhecido como “Abin paralela”, durante o governo de Bolsonaro utilizavam um grupo de mensagens chamado “BICHONA” para articular “ações clandestinas”. A informação consta no relatório da PF sobre o caso, que se tornou público nessa quarta-feira (18) após o Supremo Tribunal Federal (STF) retirar o sigilo dos autos.
Segundo as investigações, o grupo de mensagens era utilizado, entre outras coisas, para discutir ações e ataques contra a direção da PF. Um dos participantes do chat era Alessandro Moretti, o ex-número 2 da Abin que foi indiciado no caso.
De acordo com o relatório, Jair Bolsonaro era o principal destinatário das ações da Abin Paralela. Apesar disso, o ex-presidente não foi indiciado pela PF no caso.
O caso é investigado desde 2023, e apura a instrumentalização política da Abin durante o governo Bolsonaro, cujo objetivo era monitorar opositores e adversários políticos. A espionagem, segundo a PF, era feita através do software israelense First Mile. (Com informações do portal Metrópoles)