Domingo, 09 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 16 de julho de 2023
A Polícia Federal e a Receita Federal estão combatendo uma nova modalidade de tráfico de drogas nos portos brasileiros. Mergulhadores prendem os entorpecentes no casco dos navios e depois retiradas das embarcações no exterior.
Os próprios traficantes gravaram o vídeo para provar que fizeram o serviço. Nas imagens, mergulhadores prendem sacos de cocaína no casco de um navio próximo do Porto de Santos. A droga foi apreendida dias depois, em Gibraltar, um território britânico.
A polícia brasileira prendeu os sete traficantes em janeiro. Junto com eles, também foram apreendidos equipamentos de mergulho e quase 600 kg de cocaína. Em junho, a quadrilha foi condenada por tráfico internacional de drogas.
“Eles aumentaram a velocidade ao perceber a presença dos policiais. Eles perceberam também que a embarcação estava pesada, então merecia uma vistoria nossa. Eles embarcaram e conseguiram abordar a embarcação. Nesse momento, inclusive, dois se jogaram no mar, tentando escapar”, conta o major da Polícia Ambiental Marco Aurélio da Silva.
Essa semana, a Polícia Federal apreendeu mais de 300 kg de cocaína em outro navio. A droga estava no forro de uma sala de ginástica. A embarcação tinha como destino a Alemanha.
Facilidade
Prender a cocaína nos cascos dos navios ou até mesmo arremessar a droga para dentro das embarcações são táticas usadas por criminosos para driblar a fiscalização. Essas práticas foram adotadas após a modernização da Receita Federal e da Polícia Federal, que investiram em tecnologia, capaz de localizar o entorpecente dentro dos contêineres.
“Essa modalidade, que é relativamente recente, da implantação no casco, ela acaba facilitando um pouco a questão logística do tráfico internacional. Não precisaria, eventualmente, de cooptar mais pessoas para, eventualmente, inserir em contêiner, que é um trabalho mais complexo, é mais fiscalizado. Em um casco, ali, ele precisaria só do mergulhador para inserir aqui e retirar lá fora”, explica o delegado da Polícia Federal Daniel Coraça Junior.
Só em 2023, a polícia e a Receita apreenderam mais de 1,4 mil quilos de cocaína presos na parte do submersa dos navios – mais que o dobro de 2022.
“Se ela está tendo apreensões e perdendo essa carga, ela vai buscar outras rotas, outras formas de enviar a carga. E o trabalho da fiscalização é garantir a segurança das operações de comércio exterior, para que no porto, como o Porto de Santos, o maior aqui do nosso país, ele seja utilizado para operações legítimas, e não para operações ilegais, como o tráfico de drogas e outras operações ilícitas”, afirma Richard Neubaeth, delegado da Receita Federal.