Sexta-feira, 19 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de dezembro de 2025
A Polícia Federal (PF) encontrou no telefone celular apreendido com o banqueiro Daniel Vorcaro documentos de investigações sigilosas sobre o Banco Master e, em função disso, passou a apurar indícios de que ele teria encomendado a contratação de hackers para obter essas informações e realizar outras ações em sistemas de informática.
Em nota, a defesa de Daniel Vorcaro afirma que não tem conhecimento das informações mencionadas.
Esse material voltou a ser analisado pela equipe da PF após ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli autorizando a retomada das apurações.
Investigação
O celular de Vorcaro foi apreendido no dia 17 de novembro, quando ele foi preso ao tentar embarcar no Aeroporto de Guarulhos para uma viagem internacional. No dia seguinte, foi deflagrada a Operação Compliance Zero, com cumprimento de outras prisões e mandados de busca e apreensão. Além disso, o Banco Central determinou a liquidação extrajudicial do banco.
Na análise inicial feita na extração de dados do celular, foram encontrados trechos de investigações sigilosas obtidos antes que a defesa de Vorcaro tivesse acesso oficial a esse material. Esses trechos incluíam informações de apuração sobre as suspeitas de crime financeiro em operações entre o Master e o BRB, banco controlado pelo governo do Distrito Federal – foco principal da Operação Compliance Zero.
A suspeita da origem desses documentos foi encontrada por meio de diálogo de Vorcaro com um de seus funcionários. Nessas conversas, foram encontrados indícios de que Vorcaro encomendou a esse funcionário a contratação de hackers para invasão de sistemas de informática com o objetivo de obter documentos de investigações sigilosas.
Tentativa de fuga
A descoberta desses documentos com o empresário fortalece uma das suspeitas iniciais da investigação, na análise de fontes com conhecimento do caso: a de que Vorcaro teria tentado fugir ao exterior porque sabia que poderia ser alvo de prisão.
Além disso, essa ação dos hackers também envolveria diminuir a visibilidade de publicações desfavoráveis ao Banco Master, promover a visibilidade de notícias positivas e, até mesmo, a tentativa de acesso a conversas nas redes sociais de pessoas próximas.
Para isso, teriam sido usados robôs para manipular a relevância e visibilidade das publicações, diminuindo a visibilidade do que era negativo a Vorcaro e ampliando a visibilidade de conteúdos positivos ao banqueiro.
Vorcaro deixou a prisão no dia 29 de novembro, após ter recebido uma decisão favorável do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Dias depois, o ministro Dias Toffoli puxou o caso para o STF por causa da apreensão de documentos de uma transação imobiliária de Vorcaro com o deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA), como revelou o Estadão.
A investigação ficou paralisada desde então. Foi retomada após nova decisão de Toffoli, no começo desta semana. Ele determinou a retomada dos depoimentos de investigados e outras diligências que fossem necessárias.
A PF investiga suspeitas de que o Banco Master vendeu falsas carteiras de crédito consignado para o BRB, por um valor de R$ 12 bilhões, para tentar resolver o rombo de suas contas. A defesa de Vorcaro nega que a operação tenha sido fraudulenta e diz que o Banco Master permitiu que o BRB substituísse esses ativos por outros quando foram detectadas as inconsistências. (Com informações de O Estado de S. Paulo)