Segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Polícia Federal investiga se a Abin fez dossiês contra Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e monitorou Camilo Santana

A Polícia Federal (PF) investiga se a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu dossiês envolvendo os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e se monitorou o ministro da Educação, Camilo Santana, enquanto governador do Ceará. Na manhã desta quinta-feira (25), foi deflagrada ofensiva para apurar o uso indevido de espionagem de celulares pela Abin.

Foram alvos dos mandados de busca e apreensão o deputado Alexandre Ramagem (PL), diretor da Abin à época, policiais federais cedidos e servidores do órgão. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas seguintes cidades:

– Brasília (DF) – 18 mandados;
– Juiz de Fora (MG) – 1 mandado;
– São João Del Rei (MG) – 1 mandado;
– Rio de Janeiro (RJ) – 1 mandado.

Ao longo da investigação, a PF descobriu anotações de operações na Abin envolvendo os ministros do Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do STF. O documento, analisado por agentes, indica uma tentativa de relacionar os integrantes da Corte a uma facção criminosa com o intuito de difundir notícias falsas. Procurada, a Abin não se manifestou.

A PF também descobriu indícios de que a Abin monitorou Camilo Santana quando era governador do Ceará. Em 2021, policiais flagram integrantes da Abin operando drones que sobrevoavam a residência oficial de Santana em Fortaleza. A agência chegou a instaurar um processo administrativo contra dois servidores. Todavia o caso foi arquivado.

A Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de pessoas pré-determinadas por meio dos aparelhos celulares durante a gestão de Jair Bolsonaro na presidência. A PF abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo.

A ferramenta foi produzida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e era operada, sem qualquer controle formal de acesso, pela equipe de operações da agência de inteligência.

A lista completa das pessoas espionadas irregularmente ainda não é conhecida, mas a PF já identificou indícios de que adversários políticos do ex-presidente foram alvos: entre eles estão o ex-deputado Jean Wyllys e David Miranda, deputado federal pelo PDT do Rio que morreu em maio retrasado.

Há ainda a suspeita de que foram feitas vigilâncias durante as eleições municipais e em regiões próximas ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), além de áreas nobres em Brasília e no Rio de Janeiro.

Em entrevista à GloboNews, Ramagem disse que nunca teve acesso às senhas de sistemas de monitoramento para espionar autoridades públicas e cidadãos comuns.

“Nós da direção da Polícia Federal, policiais federais que estavam comigo, nunca tivemos a utilização, execução, gestão ou senha desses sistemas”, pontuou Ramagem, que também foi delegado da Polícia Federal (PF).

Relatório da Abin aponta que Ramagem teve acesso à própria investigação contra ele

“Quando nós fomos ouvir o diretor responsável pelas senhas e pela gestão para demonstrar como funciona ou para melhor funcionar (…) não estava tendo isso. Quando se negaram a me informar como eles estavam trabalhando com a ferramenta, eu exonerei esse diretor, que era o chefe dessa ferramenta, e encaminhei todo o procedimento para a corregedoria”, mencionou o deputado.

 

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