Sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Polícia Federal investigará se Bolsonaro se antecipou a pedido de prisão ao hospedar-se na embaixada da Hungria em Brasília após apreensão de seu passaporte

A Polícia Federal (PF) irá investigar qual foi a intenção do ex-presidente Jair Bolsonaro de passar dois dias na embaixada da Hungria, em Brasília (DF), após ter seu passaporte apreendido durante uma operação em que apurava uma tentativa de golpe de Estado. Investigadores querem esclarecer as circunstâncias em que Bolsonaro permaneceu hospedado na representação diplomática entre os dia 12 a 14 de fevereiro para verificar se houve tentativa de fuga.

A ida do ex-presidente à embaixada foi revelada por imagens de câmera de segurança obtidas pelo jornal The New York Times. Em nota, o ex-presidente confirmou ter passado dois dias no local, onde “ficou hospedado” para “manter contatos”. Em São Paulo, num evento do PL, Bolsonaro disse que frequenta embaixadas pelo Brasil e conversa com embaixadores.

Alvo de investigações por uma suposta trama golpista, fraude no cartão de vacinação e desvio de joias do acervo presidencial, Bolsonaro não poderia ser preso dentro de uma embaixada estrangeira, uma vez que prédios consulares são protegidos por convenções internacionais e não estão ao alcance das autoridades do país.

Segundo as imagens, o ex-presidente aparece na embaixada acompanhado de dois seguranças e do embaixador húngaro, Miklós Halmai.

Um funcionário da embaixada húngara teria confirmado ao NYT o plano de receber Bolsonaro. Segundo o jornal, o ex-presidente poderia estar se valendo da sua amizade com o Viktor Orbán, da Hungria, para uma possível tentativa de se ver livre da Justiça. A defesa de Bolsonaro rebate essa informação, dizendo que Bolsonaro e o embaixador se reuniram para discutir “cenários políticos das duas nações”.

“Nos dias em que esteve hospedado na embaixada magiar, a convite, o ex-presidente brasileiro conversou com inúmeras autoridades do país amigo, atualizando os cenários políticos das duas nações. Quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos e são, na prática, mais um rol de fake news”, afirmaram, em nota, os defensores Paulo Bueno, Daniel Tesser e Fabio Wanjgarten.

Interlocutores da área diplomática disseram ao jornal O Globo que, pelo menos por enquanto, não se cogita uma convocação do embaixador da Hungria em Brasília para esclarecimentos sobre a ida de Bolsonaro. Um diplomata resumiu que o caso “é mais com o STF do que conosco”.

Expoente da direita e aliado de primeira hora de Bolsonaro, Orbán saiu em defesa do ex-presidente brasileiro dias antes de ele passar as noites na embaixada do país após ter o passaporte apreendido. Na ocasião, em uma rede social, Orban publicou uma foto com Bolsonaro e o incentivou a “continuar lutando”.

Bolsonaro e Orbán mantêm um relacionamento próximo há anos. Bolsonaro chamou Orbán de seu “irmão” durante uma visita à Hungria em 2022. Mais tarde naquele ano, o ministro das Relações Exteriores da Hungria perguntou a um funcionário do governo Bolsonaro se a Hungria poderia fazer alguma coisa para ajudar a reeleger Bolsonaro, de acordo com o governo brasileiro.

Em dezembro de 2023, Bolsonaro e Orbán se reuniram em Buenos Aires na posse do novo presidente de direita da Argentina, Javier Milei. Lá, Orbán chamou Bolsonaro de “herói”.

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