Terça-feira, 21 de outubro de 2025

Polícia Federal vê os bancos como “peça-chave” na engrenagem criminosa de esquema bilionário de lavagem de dinheiro

A Polícia Federal (PF) afirmou ter encontrado indícios de gestão fraudulenta e temerária e de evasão de divisas praticadas por funcionários de cinco bancos investigados na Operação Colossus.

Parte das instituições financeiras não teria tomado cuidados mínimos para saber com quem estavam fechando contratos de câmbio, deixando de lado procedimentos elementares de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.

Procurados, os bancos negaram envolvimento em irregularidades, disseram cumprir as normas e que sempre estiveram à disposição das autoridades. As supostas condutas irregulares investigadas pela PF foram anistiadas por uma mudança na lei de câmbio.

Com simples pesquisas na internet poderiam, segundo a PF, descobrir que estavam lidando com empresas de fachada e com pessoas sem capacidade financeira e econômica para movimentar bilhões.

Além disso, teriam descumprido a obrigação de exigir documentos e zelar pelo preenchimento correto dos papéis, o que na época, era uma obrigação legal dos bancos, cujo desobediência tornava as operações ilícitas e não autorizadas, levando à responsabilização dos acusados pelo crime de evasão de divisas.

A Colossus vasculhou escritórios dos bancos na Berrini e Faria Lima – principal centro financeiro do País – e na Praia de Botafogo, no Rio.

Ela tinha por objetivo desbaratar um novo esquema de lavagem de dinheiro e de ocultação de patrimônio com as operações de criptoativos, que passaram a substituir o chamado dólar-cabo, um negócio executado por doleiros.

Foi justamente um executivo do mercado financeiro, José Eduardo Fróes Júnior, que se tornou o centro da investigação da PF, no chamado núcleo das criptomoeadas.

De acordo com a Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor), da Superintendência da PF em São Paulo, tratava-se de um novo método, mais sofisticado e menos burocrático, desenvolvido e aperfeiçoado, com o objetivo de permitir a continuidade das atividades ilícitas praticadas pelos doleiros.

“Menos burocrático, por exigir uma menor quantidade de documentos a serem apresentados, para conferir as transações bancárias realizadas aspectos de legalidade. E mais sofisticado, por envolver a aquisição de criptoativos, cuja rastreabilidade, em tese, é mais difícil e a sua conversão em ativos lícitos mais facilitada.”

Em torno de Fróes Junior, que movimentou em seu nome R$ 8 bilhões em operações de câmbio, reuniram-se outros atores do mercado de criptomoedas, a maioria jovens operadores do mercado financeiro que trabalhavam na região da Faria Lima.

Eles montaram “um grande esquema de remessa de valores para fora do País via sistema bancário formal e de revenda de criptomoedas em território nacional sem obediência mínima às regras de conhecer seus clientes e de prevenção à lavagem de dinheiro”.

Segundo a PF, os recursos transacionados pelo grupo pertenciam a pessoas físicas e jurídicas sem lastro financeiro e econômico que justificassem o trânsito das quantias em suas contas bancárias.

As empresas também não tinham atividade econômica legal estabelecida, o que indicaria serem companhias de fachada.

Por fim, elas teriam fortes antecedentes criminais em crimes de competência da Justiça Federal, como o tráfico internacional de drogas e terrorismo.

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