Sexta-feira, 08 de agosto de 2025

Por causa da compra de petróleo da Rússia, a Índia recebe mais castigo de Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta semana uma ordem executiva que impõe tarifa adicional de 25% sobre a Índia, informou a Casa Branca na rede social X, o antigo Twitter. A nova ofensiva é uma resposta à contínua compra de petróleo russo pelos indianos, de acordo com o decreto.

Na semana passada, a Casa Branca já havia informado que a Índia ficaria sujeita a uma tarifa recíproca também de 25%. Ou seja, os produtos indianos passarão a pagar uma tarifa de 50% – igual à imposta a boa parte das exportações brasileiras.

“A Índia não está apenas comprando grandes quantidades de petróleo russo, mas também está vendendo grande parte do petróleo comprado no mercado aberto para obter grandes lucros. Eles não se importam com quantas pessoas na Ucrânia estão sendo mortas pela máquina de guerra russa”, afirmou Trump em uma publicação no Truth Social.

A sobretaxa entra em vigor 21 dias após a data da ordem executiva e incide sobre mercadorias que entram para consumo ou são retiradas de armazéns dos EUA após esse período.

Pelo documento, o presidente diz ter recebido novas informações a respeito das ações da Rússia na guerra da Ucrânia, que representa “extraordinária ameaça” à segurança nacional americana. Para lidar com isso, o republicano descreve ser necessário “impor uma taxa ad valorem adicional sobre as importações de artigos da Índia, que está importando direta ou indiretamente petróleo da Federação Russa”.

Mercosul

A Índia concordou em ampliar a cobertura – hoje bem limitada – do acordo de comércio preferencial com o Mercosul, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quinta-feira (7) após ligação com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

“Recordamos, ainda, a meta de aumentar o comércio bilateral para mais de US$ 20 bilhões até 2030. Para isso, concordamos em ampliar a cobertura do acordo entre Mercosul e Índia”, escreveu Lula em nota, após a conversa.

O movimento acontece após o Brasil e a Índia, parceiros históricos dos Estados Unidos, tornarem-se alvos de Donald Trump nos últimos meses.

O tarifaço de Trump, que impôs sobretaxas que, somadas, chegam a até 100% sobre produtos dos dois países, reforçou o interesse mútuo em ampliar as relações comerciais.

A Índia ocupa posição estratégica no plano do governo federal para diversificar os destinos de exportação. O governo brasileiro avalia que a Índia, o país mais populoso do mundo e que passou por um processo de industrialização nas últimas duas décadas, ainda é pouco explorada pelos exportadores nacionais.

Além disso, a pauta exportadora do Brasil para Nova Délhi é pouco diversificada: óleos vegetais, açúcares e petróleo bruto representam mais de 60% do total enviado.

O governo vê margem para ampliar as vendas de produtos como óleos vegetais, algodão, feijões e pulses, etanol, genética bovina e frutas. Correndo por fora, estão carne de aves, pescado, café e suco de laranja. O principal entrave, no entanto, são as elevadas tarifas aplicadas pela Índia. O país não incluiu quase nenhum produto do agronegócio no acordo de comércio preferencial que mantém com o Mercosul.

Hoje, apenas 14% das exportações brasileiras para a Índia estão cobertas pelo acordo. O tratado, de alcance limitado, abrange 450 categorias de produtos, num universo de cerca de 10 mil, e prevê reduções tarifárias modestas, entre 10% e 20%.

A meta do governo brasileiro é negociar a inclusão de novos produtos, especialmente do agronegócio, negociar reduções tarifárias e buscar a retirada de barreiras comerciais.

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