Domingo, 03 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 2 de agosto de 2025
O agravamento da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, impulsionado pela articulação da família Bolsonaro em torno do tarifaço de Donald Trump, fez com que o Centrão passasse a considerar inviável uma candidatura presidencial de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em 2026. A avaliação, segundo lideranças, é que o deputado deixou de ser um ativo político e passou a representar um risco para a direita.
A principal crítica recai sobre a atuação de Eduardo nos Estados Unidos, onde articulou com o governo Trump a aplicação da Lei Magnitsky Global contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, além de defender sanções comerciais ao Brasil como forma de retaliar decisões da Corte. Para integrantes do Centrão, essa ofensiva extrapolou os limites do embate político.
Aliados consideram que o deputado “trabalhou contra o Brasil” ao incentivar medidas que impactam diretamente a economia apenas para proteger o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A postura gerou forte reação de congressistas, setores do agronegócio e até de integrantes do PL, que viram no gesto uma afronta à soberania e ao interesse público.
Além disso, a possibilidade de prisão de Eduardo caso retorne ao Brasil e seu prolongado afastamento da Câmara contribuíram para o desgaste. Parte da base bolsonarista o acusa de radicalização excessiva e isolamento político, inclusive por atacar aliados como Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo) e Nikolas Ferreira (PL-MG).
O projeto de uma candidatura presidencial pelo PL chegou a ser cogitado, impulsionado pela visibilidade internacional de Eduardo e por seu papel na ofensiva contra Moraes. No entanto, a pressão por sanções que culminaram no tarifaço desidratou sua imagem, inclusive entre simpáticos ao bolsonarismo.
Ao mesmo tempo, o Centrão começa a discutir nomes alternativos que possam liderar uma frente de oposição em 2026 sem reproduzir o desgaste do núcleo duro bolsonarista. Entre eles, desponta o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD).
Anistia
Internamente, líderes avaliam que o cenário para uma eventual anistia aos golpistas de 8 de Janeiro se tornou politicamente inviável após a escalada de tensões com os EUA. As ameaças de Eduardo aos presidentes do Senado e da Câmara, Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), usando a Lei Magnitsky como ferramenta de chantagem, foram consideradas inaceitáveis e contribuíram para o agravamento do impasse.
Com a divisão da oposição, o Centrão se distancia da ala mais radical do bolsonarismo e busca recompor o campo da direita em torno de figuras com maior capacidade de diálogo e menor passivo jurídico. Com informações da Carta Capital