Quinta-feira, 13 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 14 de junho de 2023
O dólar fechou no menor patamar ante o real em um ano, caindo 0,08%, cotado a R$ 4,8624. É a menor cotação desde 6 de junho de 2022, quando encerrou a R$ 4,7956. Para quem vai viajar para o exterior ou quer fazer investimentos lá fora, surge logo a pergunta: É hora de comprar? Ou a tendência é que a queda se acentue?
Segundo especialistas, entre os principais fatores para a valorização do real frente ao dólar estão a percepção de redução do risco fiscal, a desaceleração inflacionária mundo afora, além de uma provável pausa no aperto monetário nos Estados Unidos.
Para Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, a desaceleração no índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA, que subiu apenas 0,1% em maio após avançar 0,4% em abril, fomenta a tese de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) poderá manter a sua taxa de juros na reunião desta quarta-feira.
De acordo com a ferramenta CME FedWatch, 94,2% dos analistas do mercado financeiro acreditam que não será feito nenhum acréscimo. Aline Marques, sócia e assessora de investimentos da Ável, explica que juros menores em economias avançadas como a americana beneficiam países emergentes, como o Brasil, que ficam mais atraentes para os dólares dos investidores estrangeiros.
Segundo ela, a taxa Selic em 13,75% tem impulsionado a entrada de capital estrangeiro, atraído pelos altos rendimentos da renda fixa. Com mais dólar chegando ao país, a maior oferta da moeda americana joga a cotação para baixo frente ao real.
Estímulos dados pelo governo da China para alavancar a sua economia, como a redução das taxas de juros de curto prazo, também ajudam o câmbio brasileiro, já que o país asiático é um grande parceiro comercial do Brasil. A expectativa é que, com maior demanda por minério de ferro, empresas ligadas à commodity se beneficiem, o que conquista a atenção de investidores.
“A gente é muito mais forte no mercado de commodities do que outros países emergentes, como o México, o que aumenta a nossa competitividade”, diz Velloni.
Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio, acrescenta que a percepção de redução do risco fiscal, devido aos debates sobre a reforma tributária e tramitação do arcabouço fiscal, aumenta a atratividade do real em relação ao dólar.
Arcabouço pode aprofundar movimento
“Mesmo não sendo consenso no mercado, o arcabouço fiscal tem recebido um ‘voto de confiança’, e o otimismo a respeito já está sendo precificado atualmente. A existência da regra é considerada positiva, e a confiança pode aumentar se o texto final aprovado for mais restritivo e comprometido com as contas públicas”, opina.
Com o Boletim Focus do Banco Central prevendo que o dólar alcance o patamar de R$ 5,10 no fim deste ano, Costa avalia o momento atual como oportuno para a compra, ponderando que, apesar dos indicadores favoráveis ao aumento do apetite ao risco neste momento, as condições podem mudar com base em novos dados.
Queda dos juros x alta do dólar
Já Aline alerta que cortes na taxa Selic, previstos para o segundo semestre, podem levar a uma fuga de capital e, consequentemente, à valorização da divisa americana: “Agora é um bom momento para pensar em diversificação de portfólio, já que o dólar está em patamar mais baixo e os investimentos internacionais, com taxas de juros altas.”
“Bom ponto de compra”
O economista-chefe da Frente Corretora calcula o momento atual como um “bom ponto de compra”. “Ainda não se sabe o quão volátil é o cenário político. Vale comprar aos poucos porque, se tiver algum descompasso no governo com relação à aprovação do arcabouço fiscal ou da reforma tributária, o dólar pode voltar a subir”, sugere Velloni.