Sábado, 27 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 26 de dezembro de 2025
Os Estados Unidos lançaram ataques contra o grupo Estado Islâmico (EI) no noroeste da Nigéria, onde militantes realizam uma longa insurgência. Os campos administrados pelo grupo no estado de Sokoto, localizado na fronteira da Nigéria com o Níger, foram atingidos, de acordo com as Forças Armadas dos EUA, que também afirmaram que uma “avaliação inicial” sugeria “múltiplas” mortes.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que os ataques foram “poderosos e mortais” e classificou o grupo como “escória terrorista”, afirmando que ele vinha “atacando e matando cruelmente, principalmente, cristãos inocentes”.
O ministro das Relações Exteriores da Nigéria, Yusuf Maitama Tuggar, disse à BBC que se tratava de uma “operação conjunta” e que “não tinha nada a ver com uma religião específica”.
Sem mencionar especificamente o EI, Tuggar disse que a operação havia sido planejada “há bastante tempo” e utilizou informações de inteligência fornecidas pelo lado nigeriano. O ministro não descartou novos ataques, acrescentando que isso dependeria das “decisões a serem tomadas pelas lideranças dos dois países”.
Em sua postagem no Truth Social na noite de quinta-feira, Trump disse que “sob minha liderança, nosso país não permitirá que o terrorismo islâmico radical prospere”.
Suposto genocídio
Em novembro, Trump ordenou que as Forças Armadas dos EUA se preparassem para uma ação na Nigéria com o objetivo de combater grupos militantes islâmicos. Ele não especificou na ocasião a quais assassinatos se referia, mas alegações de um genocídio contra os cristãos da Nigéria têm circulado nos últimos meses em alguns círculos de direita dos Estados Unidos.
Grupos que monitoram a violência afirmam que não há evidências que sugiram que os cristãos estejam sendo mortos mais do que os muçulmanos na Nigéria, que está dividida de forma praticamente igual entre os seguidores das duas religiões. Também não há comprovação de que os cristãos tenham sido alvo de ataques desproporcionais.
O presidente Tinubu insistiu que existe tolerância religiosa no país e afirmou que os desafios de segurança estavam afetando pessoas “de todas as religiões e regiões”.
Trump anunciou anteriormente que havia declarado a Nigéria um “país de especial preocupação” devido à “ameaça existencial” que representa para a sua população cristã. Ele afirmou que “milhares” de pessoas foram mortas, sem apresentar qualquer prova.
Esta é uma designação utilizada pelo Departamento de Estado dos EUA que prevê sanções contra países “envolvidos em graves violações da liberdade religiosa”.
Após este anúncio, Tinubu afirmou que o seu governo estava empenhado em trabalhar com os EUA e a comunidade internacional para proteger pessoas de todas as religiões.
Um assessor do presidente nigeriano Bola Tinubu disse à BBC na época que qualquer ação militar contra os grupos jihadistas deveria ser realizada em conjunto. Daniel Bwala afirmou que a Nigéria acolheria com agrado a ajuda dos EUA no combate aos insurgentes islâmicos, mas salientou que se trata de um país “soberano”. Ele também disse que os jihadistas não estavam atacando membros de uma religião específica e que tinham matado pessoas de todas as religiões, ou sem religião.
Ciclo de violência
Grupos jihadistas como o Boko Haram e a Província do Estado Islâmico da África Ocidental têm causado estragos no nordeste da Nigéria há mais de uma década, matando milhares de pessoas — no entanto, a maioria delas eram muçulmanas, de acordo com o Acled, um grupo que analisa a violência política em todo o mundo.
Na região central da Nigéria, também ocorrem frequentes confrontos entre pastores, em sua maioria muçulmanos, e grupos de agricultores, geralmente cristãos, pelo acesso à água e às pastagens.
Ciclos mortais de ataques retaliatórios também causaram milhares de mortes, mas atrocidades foram cometidas por ambos os lados. As informações são da BBC Brasil.