Segunda-feira, 23 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de fevereiro de 2022
No final do ano passado, a Johnson & Johnson discretamente fechou a única fábrica que produzia lotes utilizáveis de sua vacina contra covid-19, informou o The New York Times, citando pessoas familiarizadas com a decisão
A paralisação é temporária, com a expectativa de que a fábrica de Leiden comece a produzir a vacina novamente depois de alguns meses, disse o relatório do NYT. O jornal acrescentou que não ficou claro se a pausa já teve impacto nos suprimentos de vacinas, graças aos estoques.
A instalação, na cidade holandesa de Leiden, está produzindo uma vacina experimental, mas potencialmente mais lucrativa, para proteger contra outro vírus, de acordo com o relatório.
No mês passado, a farmacêutica estimou até 3,5 bilhões de dólares em vendas de sua vacina contra a covid em 2022, um salto de 46%, tendo tido um mal desempenho, em comparação com seus concorrentes.
Em 2021, a empresa registrou 2,39 bilhões de dólares em vendas da vacina contra a covid, ficando abaixo de sua própria meta de 2,5 bilhões de dólares, em um ano marcado por tropeços na fabricação, preocupações com segurança e demanda desigual por uma vacina que já foi apontada como uma ferramenta promissora para inocular populações em áreas de difícil alcance
Com a fábrica de Leiden temporariamente indisponível, poderia haver redução de algumas centenas de milhões de doses no fornecimento da vacina da J&J, disse o relatório do NYT, citando uma das pessoas familiarizadas com a decisão.
Outras instalações foram contratadas para fabricar a vacina, mas ainda não estão funcionando ou não receberam aprovação regulatória para produzi-la, acrescentou o relatório.
Quem já tomou
Até que outros locais contratados possam ser liberados e retomarem a fabricação, mercado e governos mundo afora estudam os impactos de uma possível interrupção no fornecimento da vacina. Em paralelo, quem foi imunizado com a Janssen passa a se perguntar como será feita a sequência de seu programa de vacinação.
O relatório também cita que os impactos da paralisação podem ainda não ter sido sentidos no suprimento dos imunizantes, graças aos estoques.
“Acredito que essas pessoas [imunizadas com uma dose da Janssen] vão ter a segunda dose delas”, comenta o infectologista Unaí Tupinambás. Ele ainda ressalta que as pesquisas, ainda que algumas em fase inicial, indicam boa eficácia e até maior segurança com doses de diferentes fabricantes.
Segundo o médico, quem recebeu uma dose da Janssen, pode tranquilamente tomar a segunda de outra empresa e quem tomou as duas da J&J já tomaria a terceira diferente de toda forma.
“É sempre uma notícia muito ruim esse fechamento e diminuição de oferta de vacinas. Uma notícia horrorosa para saúde pública, porém talvez não cause tanto dano como se ocorresse no ano passado. Esse ano temos previsão de aumento de fornecimento de vacinas, além das que já usamos, teremos outras que estão em fase de aprovação”, opina o infectologista.
Dessa forma, quem tomou a vacina da Janssen pode ficar mais aliviado e esperar pela sequência de sua vacinação, segunda dose ou reforço.