Por Redação do Jornal O Sul | 7 de outubro de 2025
Um homem de 38 anos e que estava internado no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) de Porto Alegre com possível intoxicação por metanol não ingeriu o composto químico. A situação havia sido notificada no sábado (4) e analisada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), que decartou a hipótese, conforme anunciado pelo governo gaúcho nessa terça-feira (7). Resta outro caso sob investigação, também na Capital.
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), trata-se de um homem de 23 anos e que procurou atendimento médico por apresentar sintomas compatíveis com intoxicação, após o consumo de vinho. O quadro acabou se agravando dois dias após os primeiros sinais.
Vinculada à SES, o Centro de Vigilância em Saúde (Cevs) está em contato com a equipe da rede municipal para o levantamento de dados adicionais sobre o estado do paciente, coleta de sangue dele e de amostra da bebida ingerida. O objetivo é realizar análises laboratoriais que possam confirmar a presença da substância tóxica.
Servidores do órgão realizam, ainda, um levantamento junto à rede hospitalar para verificar os estoques disponíveis de etanol farmacêutico, utilizado no tratamento de intoxicações por metanol. O governo gaúcho também aguarda o envio de um antídoto específico, em fase de aquisição pelo Ministério da Saúde junto a fornecedores de fora do País.
Sintomas e atendimento
Especialistas chamam a atenção para os principais sintomas, que podem surgir de 12 a 24 horas após a ingestão de bebida com presença do composto:
– Dor abdominal
– Visão alterada
– Confusão mental
– Náusea
Esses sinais podem ser confundidos com os de uma ressaca comum. Por isso, ao identificá-los, a pessoa deve procurar imediatamente atendimento médico em uma unidade de emergência (preferencialmente acompanhada), onde deve informar:
– A bebida alcoólica ingerida.
– Contexto (domicílio, bar, evento etc.).
– Horário em que se deu consumo.
– Tipo de bebida.
– Detalhes como presença – ou não – de rótulo na embalagem
Atenção ao produto
– Tampa e lacre: evite produtos com lacre rompido, amassado ou sem selo de controle (IPI).
– Líquido: desconfie de bebidas com cor estranha, resíduos ou nível de enchimento irregular.
– Rótulo: cuidado com erros de grafia, impressão de baixa qualidade, desalinhamento ou ausência de informações em português.
– Preço: suspeite de valor muito abaixo do praticado.
– Local de compra: prefira estabelecimentos regulares e exija sempre a nota fiscal.
Comitê estadual
Um Comitê Intersecretarial foi criado pelo goveno gaúcho, na semana passada, para acompanhar as ações de monitoramento e investigação de possíveis casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas. Fazem parte representantes das secretarias da Saúde, Segurança Pública (SSP) e Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).
O colegiado tem por objetivo garantir agilidade e efetividade na resposta a casos suspeitos, por meio da articulação entre diferentes áreas do governo estadual. Em encontro nessa terça-feira (7), além do anúncio da suspeita descartada foram discutidas estratégias conjuntas de investigação, apreensão de produtos e orientação aos serviços de saúde municipais.
Uma nota conjunta com diretrizes sobre o tema será publicada nesta quarta-feira (8), detalhando inclusive as responsabilidades de cada área envolvida, além de estabelecer os fluxos de atuação diante de casos suspeitos. Dentre os protocolos a serem adotados está de unificar em torno do Centro de Informação Toxicológica (CIT) o recebimento de notificações de casos suspeitos e orientações técnicas. Para isso foi disponibilizado o telefone 0800-7213000, com plantão 24 horas, todos os dias da semana.
(Marcello Campos)
