Quinta-feira, 16 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 16 de outubro de 2025
Quando tiramos fotografias principalmente de momentos especiais, datas comemorativas ou em viagens, temos a preocupação com o foco da imagem e de um bom enquadramento.
Por garantia, tiramos três ou quatro fotos semelhantes, alterando um pouco o enquadramento ou a pose.
Satisfeitos com os resultados, desativamos o aplicativo de câmera e neste instante automaticamente, “creditamos” ao equipamento tecnológico, (celular) toda a nossa memória de registro histórico daquele momento.
Sem darmos de conta que estamos substituindo a nossa memória cerebral, por uma simples e pobre imagem fotográfica em 2 D.
Confiamos e empobrecemos as memórias das imagens produzidas pelo equipamento para “eternizar” aquele momento, muitas vezes, único.
Sem perceber o quanto a fotografia é pobre em sensações.
As fotos mostram exclusivamente a imagem restrita, é uma “prova” ou registro que você esteve naquele lugar, com sorte e algumas técnicas, temos boas imagens.
Opa!!! Mas isso não é tudo?
Não.
As fotografias não registram a temperatura do ambiente, ou aromas, a amplitude do lugar, o vento ou a brisa e sons do ambiente que nos cerca naquele momento.
A fotografia é muito burocrática, limita a imagem em uma moldura retangular e silenciosa e fria, não se vê mais nada fora dos seus limites.
Anos depois, quando estiver olhando estas antigas fotos, vai ter que se contentar com o que ela mostra.
E deu!
Nenhum outro sentido presente.
Tire fotos, sim! Mas não faça só isso!
Na hora da fotografia, preferencialmente antes perca três segundos, apenas três segundinhos.
Olhe ao redor, perceba o movimento do ar, sinta a temperatura do ambiente, investigue algum aroma presente no local, a luminosidade da paisagem em volta.
E neste momento, repita baixinho para si:
Guarde esse momento…
(e diga seu próprio nome).
Isso mesmo! Dê uma ordem para sua memória.
Chame a sua própria atenção, acione seu “arquivo” mental faça-o trabalhar, exercite sua memória, faça o registro de todas as sensações.
Em nome da modernidade e da preguiça mental, deixamos a responsabilidade das memórias somente para as imagens digitais.
Acumule um acervo mental rico em imagens em 3 D e sensações dos momentos que justificaram fazer aqueles registros, e será bem mais difícil de esquecê-los e mais ricos quando lembrar!
E as fotos?
Estas são para mostrar para aqueles que não estavam lá.
(Rogério Pons da Silva – Jornalista e empresário – rponsdasilva@gmail.com)