Sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Presidente da Câmara dos Deputados diz que não vê “traição” no Senado e que ainda vai decidir quando pautar anistia

Um dia após o Senado arquivar a PEC da Blindagem, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), buscou reduzir o clima de atrito entre as duas Casas e afirmou não ver “sentimento de traição” pelo sepultamento da proposta, aprovada pelos deputados sob desgaste público. Motta ainda declarou que precisa definir quando será votado o projeto sobre uma anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro.

“O Senado se posicionou, e bola para a frente. Temos um sistema bicameral, cabe aceitar. Não tem sentimento de traição nenhum. Já houve vários episódios em que a Câmara discordou do Senado. Isso é natural da democracia”, afirmou Motta, nessa quinta-feira (25).

Motta relatou que esteve com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), em um jantar na casa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, mas que os dois não conversaram sobre a rejeição da PEC.

“Não encontrei Davi. Eu o vi em um jantar na casa do ministro Barroso, mas não tratamos sobre isso.”

O discurso ocorre após deputados se queixarem de uma quebra de acordo com o Senado. O líder do PP, Doutor Luizinho (RJ), por exemplo, falou em “comportamento errático”:

“Hoje a gente teve um exemplo clássico de um comportamento errático do Senado (na PEC da Blindagem), diferente do que teoricamente estava acordado com o presidente Hugo Motta e o presidente Davi Alcolumbre”, disse Luizinho, na quarta-feira (24).

A rejeição foi lida por deputados como movimento político de Alcolumbre, que buscou se descolar da imagem de blindagem e responder à pressão das ruas.

A Proposta de Emenda à Constituição, que dificultaria a abertura de ações penais contra parlamentares, foi aprovada na Câmara na semana passada por 353 a 134 votos em primeiro turno. Houve um acordo entre partidos do Centrão e oposição, além de apoio de partidos da base do governo.

A manobra teve forte rejeição nas redes sociais, ampliada com a aprovação da urgência do projeto de anistia no dia seguinte, o que desencadeou o movimento que levou a população às ruas nas 27 capitais no último fim de semana.

Com a tramitação a jato imprimida pelos deputados, mas sem o aval de líderes do Senado, a derrota por 27 a 0 causou um estremecimento entre as Casas. Levantamento do jornal O Globo divulgado no último domingo (21) já mostrava que não havia apoio suficiente no Senado.

“Temperatur”

Também nessa quinta, Motta afirmou não saber “temperatura precisa” sobre o projeto da anistia e que precisa de tempo para definir quando ele será analisado:

“Não tem uma temperatura precisa de como têm sido as conversas do relator, que não falou com todos os partidos ainda. Preciso de um pouco mais de tempo para entender qual é o sentimento da Casa e decidir se vai pautar ou não o projeto”, disse Motta.

O relator da proposta, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), tem conduzido negociações com partidos da base e da oposição, mas ainda não consolidou um texto final. A ideia é oferecer uma redução de penas para os condenados, sem incluir anistia plena.

Motta, porém, insistiu em não se comprometer com prazos até que haja clareza sobre a posição majoritária das bancadas.

“Eu não conversei com os líderes após essa última rodada de negociações. Preciso de mais tempo para captar o sentimento da Casa”, reforçou o presidente da Câmara. (Com informações do jornal O Globo)

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