Domingo, 10 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 9 de agosto de 2025
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizou que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) deve perder o mandato se não voltar ao Brasil. O filho de Jair Bolsonaro (PL), que se mudou para os Estados Unidos em março, já disse que não retornará ao País enquanto não conseguir o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e anistia ao pai e todos acusados em envolvimento em suposta tentativa de golpe de Estado.
“Não há previsibilidade para exercício do mandato à distância. Não há previsão no regimento para isso”, afirmou Motta em entrevista ao site Metrópoles. Aliados do filho zero-três de Bolsonaro falam em alterar o regimento interno da Câmara para permitir que ele siga exercendo seu mandato a partir dos Estados Unidos, onde está em autoexílio.
Para Motta, Eduardo fez uma “escolha política” ao se mudar para os Estados Unidos, onde articula com o governo de Donald Trump sanções a autoridades brasileiras. O presidente norte-americano suspendeu o visto de Moraes e outros ministros do Supremo. Depois anunciou punição a Moraes com a Lei Magnitsky. É a primeira autoridade de um país democrático a ser punida com as sanções previstas na norma, criada para restringir direitos de violadores graves dos direitos humanos.
A Lei Magnitsky prevê a proibição de entrada nos EUA, o bloqueio de bens e propriedades em território norte-americano e a proibição “extraterritorial de prestação de serviços por empresas com sede nos Estados Unidos” aos alvos da punição. Moraes diz não ter bens ou qualquer investimento nos EUA nem se preocupar com as sanções ou outras pressões para suspender o julgamento de Jair Bolsonaro e aliados.
“O parlamentar, quando decidiu ir aos Estados Unidos, ele tinha um objetivo, sabia também daquilo que não seria possível manter, quando optou ficar à distância do seu mandato, do Estado que representa”, disse Motta na entrevista ao Metrópoles.
Novas ameaças
Repetindo ameaças que tinha feito na última semana, Eduardo disse que Motta poderia ser punido por Trump caso “não cumpra o seu papel enquanto representante da sociedade”.
“Eu não falo pelo governo americano, mas pode sim haver, como por exemplo ocorreu para Rodrigo Pacheco, que perdeu o seu visto. Ele perdeu o visto devido ao grande volume de pedidos de impeachment do Alexandre de Moraes que nunca sequer foram analisados. Então o Pacheco, ex-presidente do Senado, foi visto como uma parte, uma peça que sustenta esse regime. Se continuar nessa toada de Alexandre de Moraes abusando do poder e nada sendo feito, pode sim, possivelmente, nas cenas dos próximos capítulos, isso daí ocorrer”, afirmou Eduardo.
Motta disse que um dos ônus do trabalho dele como presidente da Câmara é o equilíbrio. “Nós temos que fazer o que é certo e nada nos tirará desse foco”, afirmou, em resposta à declaração de Eduardo. Motta deu a entrevista no primeiro dia após a tomada dos plenários da Câmara e do Senado por parlamentares da oposição.
O movimento da oposição ocorreu em uma frente conjunta entre o grupo na Câmara e Senado por um pacote com três pautas. A primeira é o PL da Anistia, que beneficia Jair Bolsonaro. A pressão também pretendia o avanço da PEC do fim do foro privilegiado, com o intuito de transferir para a primeira instância o julgamento do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado, hoje no STF.
Os dois itens estão em tramitação na Câmara, sem previsão de votação. O terceiro objeto de cobiça da oposição é o impeachment de Alexandre de Moraes, relator das ações contra Bolsonaro no STF.