Domingo, 10 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 9 de agosto de 2025
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu indicar a punição do afastamento do mandato por até seis meses para os deputados Marcos Pollon (PL-MS), Zé Trovão (PL-SC), Júlia Zanatta (PL-SC), Marcel van Hattem (Novo-RS) e Camila Jara (PT-MS). Em relação à petista, apesar de o nome não constar na representação sobre o motim, o portal Estadão apurou que seu caso está sob análise em uma representação apartada, por se tratar de um episódio distinto.
Todas as decisões foram tomadas em razão do tumulto nesta semana, quando bolsonaristas resolveram impedir o início da sessão da Câmara ocupada a Mesa Diretora do plenário.
A decisão ainda precisa passar pelo crivo do Conselho de Ética, o que deve já acontecer nos próximos dias. Segundo comunicado da Secretaria-Geral da Mesa, todas as denúncias sobre condutas praticadas durante o motim foram encaminhadas à Corregedoria Parlamentar. O corregedor, deputado Diego Coronel (PSD-BA), deverá se reunir com Motta na segunda-feira, 11.
Um ofício enviado por PT, PSB e PSOL, que pede a suspensão de cinco parlamentares, deu o pontapé inicial às representações.
Alguns desses nomes já passavam por análise de Motta — ao menos por enquanto, Paulo Bilynskyj (PL-SP) deverá ser poupado e não será afastado do mandato. Uma petista foi adicionada à lista de sancionados.
Camila Jara foi acusada por Nikolas Ferreira (PL-MG) de empurrá-lo durante a confusão para reestabelecer o controle do plenário. A deputada petista nega que tenha agredido. Em nota, a assessoria da parlamentar afirmou que havia um “empura-empurra” na Casa e que ela afastou Nikolas, que pode ter se desequilibrado.
O PL protocolou representação contra Camila Jara nesta sexta-feira e diz que o golpe de Jara causou dor intensa a Nikolas. “O golpe não foi fraco, uma vez que o Deputado Federal Nikolas Ferreira caiu ao chão pela intensidade da dor, sendo acudido imediatamente por três policiais legislativos”, diz o texto da representação. “A Denunciada sequer prestou auxílio ao Deputado Nikolas Ferreira. Pelo contrário, a Denunciada, de maneira fria, egoísta e arrogante, ficou apenas olhando a vítima jogada no chão, enquanto os policiais legislativos o ajudavam a se levantar, sem qualquer atitude para socorrê-lo.”
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ) protestou contra a decisão. “É um absurdo a tentativa de afastar a deputada para criar uma falsa equivalência ou imparcialidade e forçar a ideia de punição ‘aos dois lados’”, disse. ” Punir Camila Jara é punir quem resistiu ao golpismo e defendeu o direito da Câmara funcionar.”
A deputada Julia Zanatta comentou a decisão em vídeo publicado ao lado da filha, de quatro meses. “Agora querem a suspensão do meu mandato, o que significa me deixar seis meses sem salário e também todos os meus salários. Não basta querem só me impedir de amamentar, de ser mãe. Também querem me impedir de trabalhar”, afirmou.
Durante o motim, Zanatta ocupou cadeira na Mesa Diretora da Câmara enquanto estava com um bebê de quatro meses de idade. O PT a denunciou em representação dizendo que ela usou a criança como “escudo”.
“Mesmo que haja qualquer tipo de tergiversação mediante a alegação de amamentação, o contexto excepcional de anormalidade, instabilidade e confrontação institucional, estimulada pela representada e se grupo político, torna imprópria a presença e, sobretudo, o uso da criança como “escudo”, sobretudo em um ambiente que extrapola o âmbito parlamentar e monta caráter simbólico e coercitivo”, diz o texto do documento.
Como mostrou o Estadão, Pollon foi o último a resistir e foi ele quem teve que ceder a cadeira da presidência da Câmara para Motta retomar os trabalhos. Dias antes, em manifestação no Mato Grosso do Sul, ele chamou o presidente da Câmara de “bosta” e “baixinho de 1,60m″. Motta tem 1,80m.
Na representação, os partidos de esquerda dizem que Zé Trovão tentou impedir fisicamente Motta de conseguir voltar à Mesa Diretora. “A liberdade de expressão parlamentar não abrange o direito de impedir fisicamente o exercício legítimo de função pública”, diz o documento. A assessoria do parlamentar disse que irá aguardar notificação para comentar.
O deputado Zé Trovão disse, em nota, que está com o “coração tranquilo e em paz, pois sei pelo que luto” e que a manifestação foi pacífica. “Esses assuntos, queimam no coração do Brasileiro, que tomaram as ruas do Brasil no último final de semana, para apoiar essas pautas e pedir o impeachment de Alexandre de Moraes”, afirmou.
Procurados, Van Hattem, Pollon e Jara ainda não responderam os contatos da reportagem.
A expectativa é que o Conselho de Ética tenha uma semana movimentada. Além de todas as representações sobre a confusão que paralisou os trabalhos da Câmara nesta semana, devem enfim chegar ao colegiado outra representações já apresentadas à Mesa Diretora sobre outros parlamentares como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos. Já foram protocolados um pedido de suspensão e um de cassação de Eduardo. Com informações do portal Estadão.