Domingo, 21 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 20 de dezembro de 2025
O presidente francês Emmanuel Macron afirmou que ainda é cedo para dizer se um adiamento de um mês na decisão sobre um acordo comercial da União Europeia (UE) com o Mercosul será suficiente para atender às condições estabelecidas pela França, mas disse esperar que seja.
“É cedo demais para dizer, não sei. Eu espero que sim, porque isso significaria que teremos obtido avanços, alguns dos quais seriam avanços históricos”, respondeu o presidente francês à imprensa ao final de uma cúpula europeia em Bruxelas.
Macron tem pressionado por mais garantias para proteger os agricultores. Segundo ele, isso tornaria o pacto um “novo” acordo Mercosul–União Europeia.
“Não estamos satisfeitos. Precisamos desses avanços para que o texto mude de natureza, para que possamos falar de um acordo diferente”, declarou o líder francês.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou na quinta-feira (18) que a assinatura do acordo, inicialmente prevista para esse sábado (20), foi adiada para janeiro pois não foi obtido apoio suficiente entre líderes europeus na reunião de cúpula, em Bruxelas. Na sexta-feira, a chefe do Executivo da UE e o chanceler alemão Friedrich Merz expressaram confiança de que conseguirão assinar em janeiro o acordo com o Mercosul.
A decisão frustra as expectativas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esperava receber Ursula na reunião do bloco sul-americano em Foz do Iguaçu, no fim de semana, para assinar o acordo e encerrar mais de 25 anos de uma conturbada negociação.
Produtos agrícolas
A maior oposição à parceria comercial entre os dois blocos vem dos produtores agrícolas, que temem a concorrência dos produtos brasileiros. A França é um forte produtor agrícola da Europa, daí sua objeção ao pacto.
Na quinta-feira, Bruxelas, sede da União Europeia, foi tomada por protestos violentos de agricultores europeus contra o acordo. Segundo a polícia de Bruxelas, 7.300 pessoas com cerca de 50 tratores participaram do protesto autorizado, a maioria pacificamente. Mas outros 950 tratores chegaram ao bairro europeu, bloqueando várias ruas, com registro de vários incidentes.
Os protestos prosseguiram na sexta-feira em frente à casa de praia do casal Macron no balneário de Le Touquet, no norte da França. Em protesto contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, entre outras reivindicações, dezenas de agricultores franceses jogaram vários sacos de esterco, pneus, repolhos e galhos perto da mansão de tijolos vermelhos, que era vigiada por forças de segurança.
“Não ao Mercosul” estava entre as mensagens escritas em um caixão colocado em frente à mansão que o presidente e sua esposa, Brigitte Macron, possuem na rica cidade litorânea do norte da França.
Mudança
O Parlamento Europeu aprovou nessa semana mudança em uma cláusula do acordo para proteger os agricultores europeus, mas não foi suficiente para convencê-los a aceitar a parceria.
Pelos novos termos, uma vez selado o pacto comercial, a Comissão Europeia vai abrir uma investigação caso o preço de um produto do Mercosul for pelo menos 5% inferior ao da mesma mercadoria na UE e se o volume de importações isentas de tarifa aumentar mais de 5%. A proposta inicial fixava esses limites em 10%.
Além da França, a Itália demonstrou receio com a assinatura, o que acabou inviabilizando o apoio necessário no Conselho Europeu para sua assinatura. A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni chegou a falar com Lula ao telefone e pediu mais tempo para que a parceria fosse fechada. As informações são de O Globo.