Domingo, 14 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 13 de setembro de 2025
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, diz continuar trabalhando por anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro mesmo após a condenação do ex-mandatário pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista, o cacique admitiu chapa presidencial de 2026 sem um familiar do antigo ocupante do Planalto, desde que tenha anuência dele.
1. Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão, está inelegível e pode cumprir pena na cadeia. A conjunção de fatores acelera a escolha de outro candidato para 2026?
Nesse momento trabalhamos por uma anistia que contemple Bolsonaro. Nós respeitamos a decisão do Poder Judiciário, mas queremos avançar com as negociações. O que acelera é a necessidade de ver a anistia resolvida. Ao menos na Câmara, nesta semana, queremos matar o assunto; no Congresso, ao longo do próximo mês. Quanto a um nome para substituir Bolsonaro em 2026, isso só será debatido depois de esgotado o tema anistia. Bolsonaro ainda pode ser candidato. É o nosso objetivo.
2. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), se mostra resistente à anistia “ampla e irrestrita”. Pretende tomar a frente das negociações?
Não aceitaremos uma anistia que não contemple Bolsonaro. Designei Carlos Portinho (PL-RJ) e Rogério Marinho (PL-RN) para tratar do tema no Senado e trabalharemos com as bancadas. Temos o União e o PP do nosso lado, além de uma parte do PSD. Na semana que vem, vou me sentar com o presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP), para tratar deste apoio. Pretendo cobrá-lo com muita veemência e lembrar que ajudamos a eleger um correligionário dele como presidente da Câmara, além do governador de São Paulo, o Tarcísio de Freitas. Nós temos uma grande parceria. Quanto ao Supremo, o tema por lá está liquidado. É hora de outras estratégias.
3. Qual seria a estratégia adotada no Senado, onde o presidente da Casa está alinhado ao governo e diz que vai pautar um projeto intermediário?
Temos grandes bancadas ao nosso lado. A do PL, a do PP e União Brasil, além do Republicanos e de parte do PSD, que queremos trazer. Queremos construir uma maioria por este projeto no Senado.
4. A união desses partidos em torno da anistia já indica uma formação de governo, em caso de eleição de um nome da centro-direita em 2026? O apoio à anistia já indica uma divisão de espaços, nesse caso?
Eu não tenho dúvidas de que a centro-direita estará unida no ano que vem. Essas lideranças poderiam ter lugar de relevância num próximo governo. O Bolsonaro já mudou muito o pensamento dele nos últimos anos. Tudo vai depender do Bolsonaro, mas o Ciro e o Marcos Pereira são ótimos nomes, com muito prestígio. Ciro seria um ótimo vice, por exemplo. É preparado, o Bolsonaro gosta dele.
5. Eduardo está fora do país, Michelle reforça que deve se candidatar ao Senado pelo DF e Flávio pelo Rio. Hoje, vê maior chance de a chapa não ter o sobrenome Bolsonaro?
Tem chance, sim, de a chapa não ter o nome do Bolsonaro. Mas tudo dependerá dele, caso não possa ser candidato.
6. O senhor teve o pedido de acesso livre à casa de Bolsonaro negado e já pediu uma nova visita. Como tem sido conduzir o partido sem falar cotidianamente com o presidente?
Hoje tenho o Flávio e a Michelle como pontes para as decisões do partido. Se ele for preso, as coisas complicam, só advogados terão acesso e eu nem poderei entrar na defesa, sou administrador.
7. O voto do ministro Luiz Fux abre um flanco para recursos judiciais? Quais são os próximos passos agora?
Para recursos, não. O tema está esgotado no Supremo, mas o voto do Fux lavou a nossa alma. Foi um show de direito. Agora ele não poderá andar mais pelas ruas, será festejado. A direita viu com muita simpatia.
8. No caso da prisão, o governador Tarcísio de Freitas seria o nome mais provável?
Nosso foco é pela anistia e só nisso. Nós respeitamos a decisão do Judiciário, mas estamos focados em uma anistia que englobe Bolsonaro. Só falaremos em eventual substituição de Bolsonaro depois de esgotadas as tratativas para a anistia.
9. Carlos Bolsonaro será candidato por qual estado?
Será candidato por Santa Catarina, está cravado. Já alugou casa por lá e contamos que ele vai renunciar ao mandato na Câmara do Rio até o final do ano. As informações são do jornal O Globo.