Segunda-feira, 15 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 15 de setembro de 2025
O reconhecimento pelo presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto, sobre a existência de uma tentativa de golpe de Estado inflamou bolsonaristas e provocou reações públicas nesta segunda-feira (15) por parte de setores da oposição.
Diante da repercussão do caso, o dirigente partidário resolveu se manifestar em uma nota na qual dá um passo atrás no tom usado anteriormente. Valdemar diz agora que “não houve golpe”. Mesmo assim, a declaração ampliou a insatisfação de uma ala do bolsonarismo, que já era distante do presidente do partido.
“Ele é mestre em dizer o que pensa, em geral contra a direita, e depois desdizer quando pega mal. Centrão sem posicionamento é sempre assim. Igual folha morta ao vento. Para o lado que ele sopra, não importa qual, vai”, disse o ex-ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro Ricardo Salles.
Valdemar disse no sábado (13) que houve um planejamento de golpe no Brasil, mas negou que tenha acontecido um crime relacionado ao movimento. O político ainda minimizou os atos de 8 de janeiro, que segundo ele foi promovido por “um bando de pé de chinelo”.
“Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe efetivamente. No Brasil a lei diz o seguinte: ‘se você planejar um assassinato, mas não fez nada, não tentou, não é crime’. O golpe não foi crime. O grande problema nosso é que teve aquela bagunça no 8 de Janeiro e o Supremo diz que aquilo foi golpe. Olha só, que absurdo, camarada com pedaço de pau, um bando de pé de chinelo quebrando lá na frente e eles falam que aquilo é golpe”, declarou em um evento em São Paulo.
O presidente do PL ainda definiu como exagerada a decisão do Supremo Tribunal Federal, que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete pessoas por tentativa de golpe de Estado, mas disse que ela deve ser respeitada. Após as reações negativas, o dirigente partidário adotou outro tom ao comentar o assunto.
“Durante um evento realizado no interior de São Paulo, uma declaração minha acabou sendo interpretada de forma equivocada e gerou repercussão. Por isso, considero importante esclarecer de maneira objetiva o que foi dito. É claro que eu não falei nesse sentido. Minha fala foi feita com uma condicionante: se tivesse, imagine que tivesse, vamos supor que tivesse… Foi no campo do imaginário. E está claro: nunca houve planejamento, muito menos tentativa. O próprio ministro do Supremo, Luiz Fux, já confirmou isso”, disse por meio de nota nesta segunda-feira.
“O que precisa ficar registrado é que não houve golpe. O presidente Bolsonaro sempre deixou claro que não aceitaria nada fora da Constituição. Ele recuou de qualquer ideia nesse sentido e conduziu a transição de forma democrática. Esse é o fato”, também declarou.
O embate entre Valdemar e bolsonaristas não é de hoje. O presidente do partido tem tentado se equilibrar entre as demandas do Centrão e do bolsonarismo em relação ao futuro político da direita. Ele participa das conversas com União Brasil, PP e Republicanos envolvendo a possibilidade de o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ser o candidato da direita a presidente em 2026, mas tem dito que só vai apoiar um nome que tenha o aval de Bolsonaro. O movimento tem desagradado aliados próximos do ex-presidente, que resiste a indicar um apoio para a eleição do ano que vem.
O advogado Paulo Figueiredo, que junto com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), articula junto ao governo americano sanções ao Brasil, criticou a declaração de Valdemar feita no sábado. “Como eu sempre digo: não estamos nesta merda de dar gosto à toa”, disse.
No final de semana, Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência na gestão de Bolsonaro, criticou Valdemar. Hoje, deu um “conselho gratuito”: “Quando não se tem o que falar, é óbvio que é melhor não falar. Abrir a boca sem mínima preparação vai errar SEMPRE”. De forma indireta, a deputada Caroline de Toni (PL-SC) também respondeu: “O que existe é uma narrativa criada para perseguir Bolsonaro e criminalizar a direita”. (Com informações de O Globo)