Quarta-feira, 30 de julho de 2025

Presidente dos Estados Unidos contradiz aliado de Israel e diz que “há fome de verdade” em Gaza

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contradisse o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, nesta segunda-feira (28) ao dizer que “há fome de verdade” na Faixa de Gaza. Maior aliado de Israel, os EUA tinham discurso totalmente alinhado desde o início da guerra contra o grupo terrorista Hamas, em outubro de 2023

“Precisamos cuidar das necessidades humanitárias do que um dia se chamou de Faixa de Gaza (…) Podemos salvar muita gente. Algumas dessas crianças… é uma fome real, eu vejo isso, não dá para fabricar. Vamos nos envolver ainda mais. O primeiro-ministro [Starmer] vai nos ajudar”, afirmou o presidente americano ao lado do premiê britânico, Keir Starmer.

A fala representou uma quebra na posição oficial dos EUA em relação a Israel, seu maior aliado no Oriente Médio, e ao modo como o país tem lidado com a crise humanitária em Gaza. Os EUA são o maior fornecedor de armamentos a Israel, e estão envolvidos no conflito desde o início. Os americanos também integram a controversa distribuição de alimentos tutelada por Israel, em que centenas de palestinos morreram ao buscar alimentos.

Perguntado se concordava com a afirmação de Netanyahu, que nesta segunda disse “não haver fome ou política [israelense] de fome em Gaza”, Trump negou. Israel tem recebido crescentes críticas da comunidade internacional nos últimos dias —a situação atual dos palestinos é um “show de horrores”, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

“Não sei. Quer dizer, com base no que vejo na televisão, eu diria que não exatamente, porque aquelas crianças parecem muito famintas. Mas estamos enviando muito dinheiro e muita comida, e outras nações também estão começando a ajudar. (…) Quero que Israel se certifique de que as pessoas recebam comida”, disse Trump.

Trump disse também que criará “centros de alimentação” em Gaza com a ajuda de países aliados, porém não especificou quais nações se juntariam aos EUA, e também não deu mais detalhes sobre a implementação desses centros.

“Vamos trabalhar próximos juntos para criar centros de alimentação em Gaza, onde as pessoas possam entrar [e comer], sem barreiras ou cercas. Hoje em dia elas veem a comida a uma distância, e há cercas e nem conseguem chegar a ela. Está uma loucura por lá”, afirmou Trump em encontro com o premiê britânico, Keir Starmer.

Starmer afirmou que as imagens de crianças palestinas passando fome são “revoltantes”. “Precisamos incentivar outros países a pedirem um cessar-fogo em Gaza”. O Reino Unido, que já havia criticado a “distribuição de comida a conta-gotas”, anunciou no sábado plano para evacuar crianças feridas e doentes de Gaza e reforçar a entrada de ajuda no território.

Entrada de ajuda em Gaza

Dezenas de caminhões carregando ajuda humanitária entraram na Faixa de Gaza nesta segunda (28), após Israel ter estabelecido uma pausa humanitária na guerra com corredores humanitários em uma tentativa de aliviar a situação de “fome em massa” sofrida pelos palestinos.

Os caminhões carregando alimento aos palestinos entraram em Gaza pelo segundo dia consecutivo nesta segunda-feira a partir do Egito, pelo sul, na passagem de Rafah. Caminhões com sinais da Cruz Vermelha e de outras organizações internacionais foram vistos se deslocando do Egito em direção a Gaza.

“Mais de 120 caminhões foram recolhidos e distribuídos ontem pela ONU e por organizações internacionais. (…) Outros 180 caminhões entraram em Gaza e agora aguardam recolhimento e distribuição, junto com centenas de outros que ainda estão na fila para serem recolhidos pela ONU”, disse a Cogat, órgão do Ministério da Defesa de Israel responsável por assuntos civis nos territórios palestinos.

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