Terça-feira, 23 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 23 de dezembro de 2025
Quatro homens fugiram pela porta da frente do sistema prisional de Minas Gerais, no último sábado (20), após apresentarem alvarás de soltura fraudados. Eles estavam sob custódia no Ceresp Gameleira, em Belo Horizonte, desde 10 de dezembro. Até a noite desta terça-feira (23), apenas um deles tinha sido localizado e preso novamente.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a fraude foi coordenada por um hacker preso em uma operação no início de dezembro por suspeita de invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Os outros três detentos também tinham sido presos na operação e foram apontados como integrantes de uma quadrilha especializada em manipular sistemas judiciais, incluindo alterações indevidas de mandados de prisão e alvarás de soltura.
Todos deixaram a prisão graças ao crime que os levou ao sistema prisional: a manipulação dos alvarás. De acordo com as investigações, o homem que coordenou a ação do último sábado favoreceu a saída dos outros presos que fugiram com ele.
Os quatro criminosos foram identificados como:
* Ricardo Lopes de Araujo – deu entrada no Ceresp Gameleira em 10 de dezembro de 2025. Possui duas passagens pelo sistema desde 2016.
* Wanderson Henrique Lucena Salomão – deu entrada no Ceresp Gameleira em 10 de dezembro de 2025. Possui três passagens pelo sistema desde 2016.
* Nikolas Henrique de Paiva Silva – deu entrada no Ceresp Gameleira em 10 de dezembro de 2025. Esta é a única passagem dele pelo sistema prisional.
* Júnio Cezar Souza Silva – deu entrada no Ceresp Gameleira em 10 de dezembro de 2025. Possui três passagens pelo sistema desde 2020. Júnio Cezar foi recapturado na noite desta segunda (22).
A liberação irregular dos presos ocorreu após ordens judiciais serem inseridas no Banco Nacional de Mandados de Prisão, parte do sistema do CNJ. A partir de lá, a Secretaria de Justiça do estado recebeu as informações para a liberação de detentos do sistema prisional.
O CNJ negou, por meio de nota, que tenha havido uma “invasão ou violação estrutural aos sistemas judiciais” e disse tratar-se de “uso fraudulento de credenciais legítimas de acesso”.
Veja a íntegra da nota do CNJ
“O Conselho Nacional de Justiça esclarece que não houve invasão ou violação estrutural aos sistemas judiciais sob sua administração. As ocorrências em apuração referem-se ao uso fraudulento de credenciais legítimas de acesso, obtidas de forma ilícita.
No caso informado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, as ordens fraudulentas foram identificadas em menos de 24 horas, devidamente canceladas, com restauração dos mandados prisionais, além do imediato acionamento dos órgãos de segurança estaduais e federais para a recaptura dos foragidos, com determinação expressa para a rigorosa apuração dos fatos.
O CNJ acompanha permanentemente episódios dessa natureza, mantém procedimentos próprios de controle e tem buscado o aprimoramento contínuo dos protocolos de segurança de seus sistemas, atuando em articulação com outros atores responsáveis.
Não há, até o momento, qualquer indício de falha sistêmica ou do envolvimento funcional de servidores.”