Quarta-feira, 30 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 29 de novembro de 2023
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de novembro, prévia da inflação oficial do país, ficou acima do esperado, mas as surpresas se concentraram em itens voláteis, como alimentos e passagens aéreas, enquanto medidas mais ligadas ao ciclo econômico se mantiveram comportadas.
Após subir 0,21% em outubro, o IPCA-15 avançou 0,33% em novembro, divulgou ontem o IBGE, ante expectativa mediana de 0,29% colhida pelo Valor Data. Em 12 meses, no entanto, o índice desacelerou de 5,05% para 4,84%. Ele ainda está acima do centro da meta de inflação perseguida pelo Banco Central para 2023, de 3,25%, mas algumas medidas tendenciais já se encontram mais próximas ou abaixo disso, destacam economistas.
Foram observadas taxas maiores de inflação, entre outubro e novembro, em alimentação e bebidas (de -0,31% para 0,82%), artigos de residência (de 0,05% para 0,24%), vestuário (de 0,33% para 0,55%), despesas pessoais (de 0,31% para 0,52%) e comunicação (de -0,29% para -0,22%).
Por outro lado, quatro grupos registraram desaceleração: habitação (de 0,26% para 0,20%), transportes (de 0,78% para 0,18%), saúde e cuidados pessoais (de 0,28% para 0,08%) e educação (de 0,07% para 0,03%).
Gasolina e passagem aérea, ambas do grupo de transportes, foram as principais contribuições para o IPCA-15 de novembro, mas em sentidos contrários. O preço da gasolina caiu 2,25%, um alívio de 0,11 ponto percentual para o índice. Já a passagem aérea subiu 19,03%, com impacto de 0,16 ponto percentual.
Apesar de a Black Friday deste ano ter sido a segunda pior da história, como mostrou reportagem do Valor, seus efeitos apareceram na inflação do mês, principalmente em itens de higiene pessoal, cujos preços passaram de leve alta, de 0,05%, no IPCA-15 de outubro para queda de 0,78% em novembro.
O recuo ao redor de 0,15% nos bens industriais no mês, provavelmente, está relacionada a uma antecipação nos descontos, segundo o economista Alexandre Maluf, da XP. “Esperamos que esses preços caiam ainda mais no IPCA de novembro, refletindo descontos mais proeminentes da data comercial.”
O preço de alimentação e bebidas, por sua vez, voltou a subir em novembro, após cinco meses seguidos de deflação. O grupo respondeu por 0,17 ponto percentual da alta do IPCA-15 no mês, pouco mais da metade (51,5%). A alimentação no domicílio subiu 1,06% em novembro, também após cinco quedas consecutivas.
“Vemos no atacado que essa desinflação de commodities está se dissipando e, provavelmente, já passamos o melhor momento para a inflação de alimentos”, diz Laura Moraes, economista da Neo Investimentos.
Economistas divergem, no entanto, sobre os efeitos do fenômeno climático El Niño já no dado. “Essa alta vem puxada por bens ‘in natura’, que subiram 5,1% com as chuvas fortes causadas pelo El Niño”, afirma Moraes.