Segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 29 de julho de 2025
A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) foi presa nessa terça-feira (29) em Roma em uma ação da Polícia Federal (PF) brasileira em parceria com policiais italianos. A prisão ocorreu no apartamento onde ela vive desde que chegou ao país. Zambelli estava foragida havia quase dois meses. A prisão foi confirmada pelo Ministério da Justiça.
A deputada fugiu do Brasil para escapar do cumprimento da pena de dez anos de prisão imposta pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Ela foi condenada por participar da invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Nessa terça, mais cedo, o deputado italiano Angelo Bonelli (do grupo Verde e de Esquerda) publicou em sua conta no X (antigo Twitter) que Zambelli estava em um apartamento na capital italiana. “Forneci o endereço à polícia, neste momento a polizia (sic) esta identificando Zambelli”, postou.
O deputado italiano já havia feito um pedido de esclarecimentos ao governo italiano sobre a situação de Zambelli na Itália.
Segundo a PF, a prisão é resultado de cooperação policial internacional entre a Polícia Federal, a Interpol e agências da Itália.
“A presa era procurada por crimes praticados no Brasil e será submetida ao processo de extradição, conforme os trâmites previstos na legislação italiana e nos acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário”, disse, em nota.
A defesa de Zambelli vai tentar evitar a extradição e argumenta que ela se apresentou à polícia. Antes da prisão, a deputada gravou um vídeo no qual voltou a se dizer perseguida no Brasil.
“Se eu tiver que cumprir qualquer pena vai ser aqui na Itália, que é um país justo e ainda democrático. Mas eu estou segura que analisando todos os processos, de cabo a rabo, eles vão perceber que eu sou inocente.”
Segundo fontes da Polícia Federal, não houve reação por parte de Zambelli ao ser presa.
O Ministério da Justiça recebeu em 11 de junho do STF (Supremo Tribunal Federal) a documentação referente ao pedido de extradição da deputada Carla Zambelli (PL-SP).
Na ocasião, o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), vinculado à pasta comandada por Ricardo Lewandowski, analisou a conformidade do material e, em seguida, o encaminhou ao Ministério das Relações Exteriores.
Na Itália, o pedido é encaminhado ao Ministério da Justiça local e, posteriormente, encaminhado ao tribunal competente, que avaliará a possibilidade de prisão com fins de extradição.
Caso o tribunal aceite o pedido, caberá às autoridades italianas decidir sobre a entrega da extraditanda ao Brasil. Não há um prazo fixado para a conclusão do processo, e especialistas apontam que a tramitação pode se estender por meses.
A congressista entrou na Itália em 5 de junho, pelo aeroporto Fiumicino, em Roma. Ela chegou em um voo dos EUA e passou por controle de passaportes com o documento italiano, por possuir dupla cidadania. Desde então, sua localização era desconhecida, segundo as autoridades.
A ordem definitiva de prisão de Zambelli foi emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, em junho, quando a deputada já estava foragida. Moraes ordenou que o Ministério da Justiça formalizasse o pedido de extradição, com base no tratado firmado entre Brasil e Itália.
A decisão de Moraes previa ainda a perda do mandato parlamentar de Zambelli, com comunicação imediata ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), conforme determina a Constituição.
A condenação de Zambelli prevê o cumprimento de dez anos de prisão, com início do regime fechado, e a perda do mandato parlamentar.
A deputada foi acusada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) de planejar e comandar a invasão aos sistemas institucionais do CNJ, com o auxílio do hacker Walter Delgatti, para emitir alvarás de soltura e mandado de prisão falsos. O objetivo, segundo a denúncia, era provocar confusão no Judiciário.
A condenação foi decidida por unanimidade na Primeira Turma do STF em 15 de maio.
Zambelli saiu do Brasil no fim de maio, de carro, para a Argentina, de onde pegou um avião rumo aos Estados Unidos.
A pedido de Moraes, a Interpol incluiu o nome de Zambelli em sua difusão vermelha — lista que reúne foragidos da Justiça como forma de colaboração policial internacional.
O recurso contra a condenação de Zambelli foi apresentado pelo advogado Daniel Bialski. Ele deixou a defesa da deputada após ela anunciar que deixou o país.
Bialski tinha argumentado ao Supremo que a condenação da parlamentar incorria em contradições e pedia a reversão da sentença ou, ao menos, a diminuição da pena da parlamentar. Todos os pleitos foram negados por Moraes. (Com informações do jornal Folha de S.Paulo)