Sábado, 12 de outubro de 2024

Prisão de deputado, irmão e delegado no caso Marielle expõe submundo do crime no Rio; parte 2

A Polícia Federal (PF) anunciou no domingo a conclusão da principal etapa da investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A investigação revelou detalhes do funcionamento de uma rede de autoridades públicas por trás do crime praticado em 2018. Os envolvidos são integrantes da Câmara dos Deputados, da Polícia Civil, da Polícia Militar e do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.

Entenda quem são e qual foi a participação dos envolvidos, segundo a Polícia Federal.

Élcio de Queiroz

Ex-PM do Rio, foi o primeiro envolvido no duplo homicídio a assumir a coparticipação no crime. Ele foi expulso da polícia nos idos de 2015 por fazer a segurança ilegal em uma casa de jogos de azar e depois se dedicou a tarefas à margem da lei. Depois de quatro anos preso, Queiroz decidiu falar. Em delação, confessou ter participado de todo o planejamento do crime e de ter dirigido o carro para Ronnie Lessa fazer os disparos.

Érika Andrade de Almeida Araújo

Advogada, é mulher do delegado Rivaldo Barbosa. A PF diz que ela não tem participação direta nos homicídios, mas movimentava e lavava o dinheiro sujo recebido pelo marido por meio de uma empresa de consultoria empresarial.

Entre junho de 2016 e junho de 2018, houve uma movimentação a crédito de R$ 1.072.598,00 e a débito de R$ 1.141.159,00 nas contas da empresa. Os valores correspondem a mais que o dobro do faturamento esperado no período, de R$ 480 mil. Do montante sacado das contas, R$ 760.659,30 foram sacados em espécie, cerca de 70% das operações a débito.

Foi o primeiro delegado designado para investigar o assassinato, na Delegacia de Homicídios da Capital, nomeado por Rivaldo Barbosa, de quem gozava de estrita confiança. Foi alvo de busca e apreensão por suspeitas de atrapalhar as investigações. Também teve o afastamento da Polícia Civil do Rio de Janeiro decreto.

Segundo a investigação, Giniton Lages atuou depois dos crimes para “embaraçar as investigações e proteger os seus mandantes e executores materiais”.

Em 2022, lançou o livro “Quem Matou Marielle?”, no qual diz que “se apaixonou” pela atuação da vereadora.

Robson Calixto, o Peixe

Foi assessor de Domingos Brazão na Assembleia Legislativa do Rio e atuava como auxiliar dele no Tribunal de Contas. A investigação aponta que ele “funcionou como intermediário das conexões entre os executores dos delitos e os respectivos mandantes”. Não foi preso preventivamente, mas foi alvo de outras medidas, como a proibição de manter contato com investigados e a obrigação de usar tornozeleira eletrônica.

Maxwell Simões Corrêa, o Suel

Ex-bombeiro, Maxwell Simões Correa, conhecido como Suel, foi preso, em julho de 2023, acusado de participar do monitoramento de Marielle Franco, com “apoio logístico” aos executores do crime. De acordo com a PF, Maxell teria encaminhado o veículo utilizado no crime a um desmanche na zona norte do Rio e ajudado a ocultar armas de fogo de uso restrito e acessórios pertencentes a Ronnie Lessa.

Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha

Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha, foi o mecânico acionado por Suel para se livrar do veículo usado no assassinato de Marielle e Anderson. De acordo com Élcio Queiroz, Orelha tinha uma agência de automóveis e já tinha sido dono de um ferro velho, logo saberia como se livrar do Cobalt prata. Ele foi preso em fevereiro deste ano.

Denis Lessa, irmão de Ronnie Lessa

É acusado de ter recebido os materiais usados no assassinato (arma do crime, touca, casaco e silenciador) no dia da execução. Segundo Élcio Queiroz, Ronnie Lessa teria entregado ao irmão, na casa de sua mãe, uma bolsa que continha a arma usada no crime, assim como o casaco usado por Lessa na noite do crime e outros “apetrechos” utilizados no momento dos disparos.

João Paulo Viana dos Santos Soares, o Gato do Mato

João Paulo Viana dos Santos Soares e a mulher, Alessandra da Silva Farizote, são suspeitos de terem recebido a arma usada por Ronnie Lessa no crime, uma submetralhadora MP5. Em delação, Élcio Queiroz diz que Ronnie e João Paulo tinham uma relação próxima de confiança e já foram sócios.

Mauricinho e Jomarzinho

A PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra Jomar Duarte Bittencourt Junior, o “Jomarzinho”, e Maurício da Conceição dos Santos Júnior, o “Mauricinho”, em julho do ano passado. Eles são acusados de vazar informações e alertar Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, por mensagens eletrônicas, sobre uma operação da Polícia Federal, em 2019. Jomarzinho é filho de um delegado aposentado da Polícia Federal, Jomar Bittencourt.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Prisão de deputado, irmão e delegado no caso Marielle expõe submundo do crime no Rio; parte 1
Vereador que homenageou Michelle Bolsonaro compartilha post que chama deputada por nome de homem
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play