Sexta-feira, 03 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 3 de outubro de 2025
A recente votação na Câmara de Porto Alegre, que aprovou cotas para transexuais e travestis em concursos públicos municipais, expõe mais uma vez a distorção que setores militantes têm imposto à sociedade.
Votei contra, não por falta de respeito à dignidade de qualquer ser humano, mas por entender que esse tipo de medida aprofunda preconceitos em vez de combatê-los.
O discurso da inclusão virou “cavalo de Tróia”. Por trás de palavras como equidade, resgate histórico e respeito, esconde-se a criação de divisões artificiais.
A população, que deveria receber serviços públicos de qualidade, vê-se diante de um sistema em que o critério principal já não é o conhecimento, a experiência ou a dedicação, mas sim a identidade proclamada. O risco é claro: trocar mérito por rótulo.
A moralidade usada como bandeira por grupos militantes é seletiva e coercitiva. Quem se opõe a esse tipo de projeto é rapidamente acusado de homofobia, machismo, racismo ou qualquer outro adjetivo conveniente para silenciar. O chamado “gabinete do ódio” entra em cena, impondo medo e constrangimento, para que a narrativa seja aceita como legítima.
Democracia não se constrói com intimidação, e sim com debate franco e fortalecimento do ensino. Defendo um único tipo de cota: a social. Aquela que garante oportunidade a quem não dispõe de condições financeiras, mas sonha em crescer por meio do estudo e do esforço. Nela cabem todas as cores, orientações sexuais, crenças e origens.
O verdadeiro sentido de justiça está em amparar quem mais precisa, sem transformar concursos públicos em palanque ideológico. Mais do que nunca, procura-se cota para o conhecimento — porque só ele liberta, gera igualdade real e rompe o ciclo da dependência.
O Brasil não pode abrir mão da meritocracia. Curiosamente, ela virou “partido”. Quem a defende é rotulado de conservador; quem a ataca se coloca como progressista. Mas a verdade é simples: sem mérito, não há excelência.
E sem excelência, é a população que perde. Quanto mais fraca a educação, maior o espaço para a manipulação. Fui vencida nessa votação, mas não em minhas convicções.
Valores não se negociam. Continuarei defendendo que inclusão de verdade não é dividir, rotular ou privilegiar, mas garantir oportunidades para todos através da educação, do esforço e do mérito.
(Comandante Nádia é presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre)