Domingo, 05 de outubro de 2025

Procurador-Geral da República analisa inquérito das joias de Bolsonaro há nove meses

Jair Bolsonaro será denunciado ao Supremo Tribunal Federal no caso das joias da Presidência? Paulo Gonet ainda não decidiu o que fazer com o inquérito da Polícia Federal, apresentado em 4 de julho do ano passado.

Passados mais de nove meses desde a apresentação do inquérito, Gonet continua analisando a complexidade do caso. A situação não é simples, dado que envolve questões jurídicas e interpretativas que podem impactar o futuro político e legal de Bolsonaro.

De acordo com as investigações, auxiliares de Bolsonaro venderam ou tentaram comercializar ao menos quatro itens, sendo dois entregues pela Arábia Saudita e dois pelo Bahrein. Entre os presentes, estão relógios das marcas Rolex e Patek Phillipe, para a empresa Precision Watches, no valor total de US$ 68 mil, o que corresponde na cotação da época a R$ 346.983,60.

As investigações da Polícia Federal resultaram no indiciamento do ex-presidente por diversos crimes, incluindo associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos. Este indiciamento gerou um debate acalorado sobre a natureza dos presentes recebidos por autoridades como presidentes e vice-presidentes.

O Tribunal de Contas da União (TCU) se manifestou sobre o tema, estabelecendo que os presentes de caráter pessoal recebidos por essas autoridades não devem ser considerados patrimônio público, permitindo assim que os ex-ocupantes do cargo mantenham tais itens após deixarem suas funções. Essa interpretação é usada pela defesa de Bolsonaro para justificar que ele estaria livre para dispor dos presentes como desejar, inclusive podendo vendê-los.

No entanto, é importante destacar que o STF não está vinculado às decisões do TCU e pode optar por um entendimento diferente ao avaliar o caso. Essa divergência cria um dilema significativo para Gonet, que deve considerar cuidadosamente as alegações da Polícia Federal sobre a criminalidade das ações de Bolsonaro em contrapartida ao que foi decidido pelo tribunal de contas.

Assim, o cenário continua incerto enquanto o procurador-geral da República reflete sobre os próximos passos a serem tomados em relação a essa controvérsia jurídica.

Entenda o caso

Bolsonaro foi indiciado em três investigações: a das vacinas, a das joias e a da tentativa de golpe de Estado. Até agora, apenas a última se converteu em denúncia, recebida pela Primeira Turma do STF nesta semana. O ex-presidente virou réu junto a outros sete aliados.

No inquérito das vacinas, o ministro relator, Alexandre de Moraes, tende a seguir o entendimento de Gonet e chancelar o arquivamento. Essa é a tradição na Corte: uma vez que a PGR é o órgão acusador, não haveria motivo para manter o processo aberto.

 

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