Sexta-feira, 09 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 9 de maio de 2025
A produção de veículos no mês de abril foi a maior em seis anos para o período. As montadoras fabricaram 228,2 mil veículos no mês passado, o que representa crescimento de 2,8% na comparação com o mesmo período de 2024. Frente a março, a alta foi de 20,1%, conforme balanço divulgado pela Anfavea, a entidade que representa as fábricas de automóveis.
No acumulado de janeiro a abril, a produção de veículos somou 811,2 mil unidades, volume 6,7% acima do total produzido nos quatro primeiros meses do ano passado.
As vendas, de 208,7 mil veículos no mês passado, recuaram 5,5% na comparação com abril de 2024, quando o mercado contou com um calendário com dois dias úteis a mais. Na margem – ou seja, de março para abril -, houve alta de 6,7% na comercialização de veículos zero quilômetro no País.
O volume vendido nos quatro primeiros meses do ano foi de 760,4 mil veículos, 3,4% acima do total licenciado no mesmo período de 2024, o que confirma a tendência de desaceleração após o crescimento de 14% do ano passado.
Por outro lado, as exportações seguem mostrando recuperação consistente, com crescimento de 69,3% no comparativo interanual de abril. Na margem, os embarques das montadoras tiveram aumento de 18,9%. Os 46,3 mil veículos exportados no mês passado levaram para 161,9 mil unidades o total vendido ao exterior desde o início do ano, alta de 47,8% puxada pela retomada dos pedidos da Argentina.
Uma preocupação para o setor, segundo a Anfavea, é a elevação dos juros de referência da economia, a Selic, que chegou a 14,75% ao ano, após decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira (7). Segundo o novo presidente da entidade, Igor Calvet, o nível atual dos juros está muito diferente do previsto na virada do ano e deve ter impacto nas compras de carros, que dependem de crédito.
Apesar disso, a Anfavea vai esperar os resultados do segundo trimestre para decidir se revisa ou não as previsões ao desempenho do setor no ano. Por ora, elas apontam para uma alta de 6,3% do mercado. Esse prognóstico supera o crescimento de 3,4% registrado até abril.
“É um impacto bastante grande que precisamos observar ao longo dos próximos meses, quando essa medida terá efeitos práticos. A subida para 14,75% é um cenário muito diferente daquele que todos tínhamos no final do ano passado e no início desse ano”, comentou Igor Calvet, que assumiu há 16 dias a presidência da Anfavea.
“Há doze meses, a Selic estava em 10,5%, e hoje estamos chegando a 14,75%. Então, é uma mudança de perspectiva para os agentes do setor automotivo e também para os nossos consumidores, que terão que passar por todas as análises de crédito e terão taxas de juros, no final, maiores”, acrescentou.
Conforme o presidente da Anfavea, a taxa nos financiamentos de veículos, que poucos meses atrás atingiu o pico de 29,3%, está agora em 28,5%. “Mas tivemos uma subida de 0,5 (ponto porcentual) ontem. Então, esses dois mercados, tanto o de pesados quanto o de leves, serão impactados ao longo dos próximos meses”, afirmou Calvet.
“Se tivermos uma expectativa futura de mais juros, a restrição de crédito vai acontecer, e acontecendo a restrição de crédito teremos um grande problema aí de fluxo de emplacamentos ao longo do segundo semestre”, reforçou o executivo.
Em particular, a Anfavea ressaltou que o aumento de juros coloca um fator adicional de preocupação sobre o desempenho do mercado de caminhões, que está estagnado neste ano, com queda de 0,4% no acumulado de janeiro a abril.
Ao mesmo tempo, a associação voltou apontar avanço dos carros importados, que, frisou Calvet, capturou o crescimento do consumo de veículos. Praticamente um a cada cinco automóveis vendidos no Brasil (19,7%) vem do exterior, incluindo nesta conta as importações que complementam o portfólio das montadoras com fábricas no País. Enquanto as vendas de importados subiram 18,7% no período de janeiro a abril, as de veículos nacionais cresceram apenas 0,2%.
Esses dois temas, estagnação do mercado de pesados e entrada de carros importados, serão alvo de ações da Anfavea nos próximos meses, prometeu Calvet. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.