Sábado, 22 de novembro de 2025

Produtores clamam por proteção às oliveiras contra veneno

Produtores clamam por proteção às oliveiras contra veneno que viaja pelo ar

O 2,4-D, usado para matar ervas daninhas na soja, pode se espalhar pelo vento e atingir pomares. Governo cria áreas de exclusão, mas olivicultores pedem ampliar a proteção.

O governo do Rio Grande do Sul confirmou que vai criar zonas de exclusão para o uso do herbicida 2,4-D, aplicado em lavouras de soja e capaz de viajar quilômetros pelo ar, atingindo oliveiras, vinhedos, maçãs e hortaliças. A medida busca proteger culturas sensíveis, mas produtores alertam que ainda há áreas desprotegidas.

Mesmo em pequenas quantidades, o 2,4-D provoca queda de flores, deformação de brotos e perda de produtividade. Estudos recentes mostraram que mais de 80% das amostras de videiras analisadas no Estado tinham resíduos de herbicidas hormonais, o que representa prejuízo direto para agricultores e risco para a qualidade de produtos como azeite e vinho.

Para o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), o decreto é um avanço, mas não cobre todos os pomares. A entidade está mapeando áreas de oliveiras em todo o país e pretende propor ao governo a ampliação das zonas de exclusão. Entre as medidas defendidas estão o cadastro obrigatório de culturas sensíveis, indenização por prejuízos causados pela deriva e incentivo à pesquisa em alternativas menos agressivas, com apoio de centros de inovação.

O 2,4-D pode se deslocar até 30 km pelo vento, dependendo das condições climáticas. Há registros de perdas de até 70% na produção de uvas e oliveiras em áreas atingidas pela deriva. O descumprimento das regras pode gerar multas diárias de R$ 10 mil, revertidas para fundos de reparação ambiental.

Na reunião entre governo e produtores também foram discutidos o Seminário Binacional do Bioma Pampa e o 6º Encontro Estadual de Olivicultura, que acontecem em dezembro, em Bagé. A possibilidade de transferir a Festa da Colheita da Oliva para abril, com formato de feira de negócios, e normas para a certificação de mudas de oliveira vindas de outros estados e países também estiveram na pauta.

O decreto estadual é um passo importante, mas não resolve totalmente o problema da deriva do 2,4-D. Para garantir o futuro da olivicultura gaúcha, será necessário ampliar as áreas de exclusão, reforçar a fiscalização e investir em alternativas mais seguras. Mais do que proteger pomares, a medida busca assegurar que o azeite gaúcho siga crescendo em qualidade e conquistando espaço no mercado nacional e internacional. (por Gisele Flores)

 

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