Sábado, 28 de junho de 2025

Professor de música cria método para surdos tocarem instrumentos em Santa Catarina

Um professor de música de Jaguaruna, no Sul catarinense, criou um método para ensinar alunos surdos a tocarem um instrumento de percussão junto com outros alunos que são ouvintes.

Segundo Roberto Vargas, a técnica é inédita e ele pretende amplia-la para outros tipos de instrumentos.

“No nosso país já existe musicalização pra surdos? Sim, porém o surdo só tocava sozinho ou com outros surdos. Não tinha nenhum material acadêmico que dissesse que isso era possível ou um método de regência que a gente pudesse fazer com que isso acontecesse. Então eu busquei juntar três técnicas, que foi a regência espelhada, em que eu me basei e fiz a adaptação pra atender as necessidades dos surdos, a partitura mais a vibração”, explica.

O primeiro passo, segundo ele, é fazer com que os estudantes surdos aprendam a tocar cajón, um instrumento de percussão, através da vibração.

Em seguida, os alunos aprendem a ler a partitura da música. Com os dois conhecimentos adquiridos, o professor então elabora um vídeo onde em uma parte da tela, mostra a partitura da música e no outro, ele demonstra a força e o tempo das batidas com expressões corporais.

Uma das alunas do projeto social, Evellyn Matheus dos Reis, de 14 anos, afirma que o método a ajudou a se sentir incluída.

“Eu me sinto emocionada, porque o professor fica ali ensinando, eu fico copiando as batidas no cajon”, afirma. Além dela, Roberto ensina música para Ana Paula dos Santos Silva, de 15 anos, e para Déberson Kruger Anhaia, de 18 anos, que é seu cunhado.

Motivação

“O que me motivou foi quando a professora de libras disse para mim que tinha uma alta taxa de surdos que estavam depressivos, por não ter o que fazer. Então nesse momento eu comecei a tentar buscar algum método que eu conseguisse incluir essas crianças musicalmente”, relembra.

Roberto conta que mudou sua maneira de pensar após passar a conviver mais com o cunhado, Deberson Kruger Anhaia, que possui problemas auditivos.

“E quando eu comecei a ver o mundo que ele vivia, que era o mundo dele, que ele não conseguia fazer nada, se aproximar de nada… acho que isso foi o start”, disse.

A intenção do Roberto é fazer com que o método dele chegue mais longe e se torne um aplicativo.

“É um sonho, é um sonho. Se puder fazer mais pessoas, mais deficientes conseguirem tocar e conseguirem executar um instrumento, eu acho que o trabalho já vai ter sido abençoado”, finaliza.

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