Terça-feira, 24 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 28 de março de 2023
A professora Rita de Cássia, uma das vítimas do ataque a Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo (SP), na última segunda-feira (27), afirmou estar preocupada com a saúde mental de alunos e professores. Rita foi a segunda docente a ser atacada e foi esfaqueada no ombro.
Ela diz que escutou um barulho no corredor e abriu a porta da sala porque estava dando aula e viu o movimento das crianças correndo. “Minha ideia era tentar pará-los. Falar para pararem de correr, ‘vocês vão se machucar’. Não sabia o que estava acontecendo, aí ele veio para cima de mim”, contou.
A professora precisou de 30 pontos no ferimento.
“A gente espera recuperar a nossa saúde mental dos alunos, dos professores, da direção e de todos envolvidos. A gente espera cuidar da nossa saúde mental, inclusive desse rapaz, porque ele está doente”, afirmou. “Acho que a dor física é a de menos”, completou.
Rita conta que o adolescente não tinha perfil agressor com os professores, mas com os colegas, sim.
Ela recebeu alta hospitalar ainda na segunda e foi nessa terça (28) ao velório do corpo da professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, assassinada durante o ataque. Rita é professora de História, leciona há 12 anos, e há 4 dá aula na Thomazia Montoro.
A professora Ana Célia da Rosa, que também foi uma das vítimas do ataque, teve alta na manhã dessa terça. Ela passou por uma cirurgia no Hospital das Clínicas.
Depoimento
Nessa terça, Karina Barbosa, foi a uma delegacia prestar depoimento. Ela é mãe de um aluno da Escola Estadual José Roberto Pacheco, onde adolescente de 13 anos apontado como responsável pelo ataque estudava.
Segundo Karina, o filho dela, um adolescente de 12 anos, recebeu mensagens do agressor em fevereiro deste ano. “Mandava vídeos atirando em objetos para o meu filho e dizia que ele estava treinando. Dizia para ele tomar cuidado, porque estava se preparando para um massacre”, afirmou.
O filho de Karina mostrou para a mãe o conteúdo e o caso foi comunicado à escola. Na época, a diretoria informou para a mãe que ele havia sido encaminhado para o Centros de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi) e o Conselho Tutelar avisado sobre o caso.
“Meu filho achou que era brincadeira, que ele não teria coragem. Mas sou professora e no vídeo ele aparecia atirando. Não fazia tanto barulho, então não sei se a arma era de verdade”.
Ataque
No total, quatro professoras e um aluno foram esfaqueados manhã de segunda dentro de uma escola estadual.
Elisabete Tenreiro, 71 anos, teve uma parada cardíaca e morreu no Hospital Universitário, da USP.
O agressor, um aluno de 13 anos do 8º ano na escola, foi desarmado por professoras, apreendido por policiais e levado para a delegacia, onde o caso foi registrado.
O governo paulista decretou luto de três dias pela morte da professora e a escola vai ficar fechada por uma semana. O estudante responsável pelos ataques está no Centro de Integração Inicial da Fundação Casa e passou por audiência na Vara de Infância e Juventude nessa terça.