Terça-feira, 04 de novembro de 2025

Programa do governo no combate à inadimplência: adesão de bancos e percentual de desconto são dívidas

Com mais de 70 milhões de inadimplentes no País, a proposta do Desenrola, de criar uma plataforma de renegociação de dívidas entre devedores e credores com descontos, é considerada bem-vinda pelos especialistas, mas ainda há dúvidas quanto à adesão de bancos, varejistas e ao abatimento que estão dispostos a oferecer.

“Para a renegociação ter sucesso, é preciso que as varejistas e os bancos participem, oferecendo bons descontos que possam atrair os clientes com débitos em atraso”, afirmou Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).

Ele lembra que os bancos tiveram os balanços afetados pelo aumento da inadimplência — o que até poderia levá-los a oferecer descontos, para reduzir as perdas — e pela crise da Americanas — que, por outro lado, os deixa mais cautelosos na hora de negociar.

Outro ponto é que as próprias instituições financeiras lançaram este mês um programa de renegociação de dívidas por meio da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).

A Serasa também lançou mais uma edição do seu mutirão nacional de negociação de dívidas, com descontos de até 99%, que vai até o dia 31.

Oliveira classifica o programa do governo como um avanço, que pode ser benéfico para todos, já que os clientes terão 60 meses para pagar. Para os credores, há o fundo garantidor de R$ 10 bilhões para amortizar a inadimplência, o que também ajuda a impulsionar o programa.

“É melhor ter isso do que nada. Mas vai depender muito do tamanho do desconto que será ofertado. É isso que pode ajudar a atingir o objetivo, que é reduzir o número de pessoas no cadastro de inadimplentes. Mas é preciso lembrar que as dívidas estão em atraso e, portanto, corrigidas com juros e multas elevados. Então, mesmo com desconto, elas ainda podem ficar com um valor alto, inviabilizando uma negociação e um acordo. Por isso, é preciso ver qual será a adesão e quais os percentuais de desconto e juros a serem ofertados para seduzir o cliente”, diz Oliveira.

Para César Bergo, economista e professor de Mercado Financeiro da Universidade de Brasília, e conselheiro do Conselho de Economia do DF, o programa é importante porque a inadimplência está muito alta. Além disso, ele em foca em famílias de baixa renda. A renegociação vai ajudar as pessoas a voltarem ao mercado e a gerir seus orçamentos.

“Para os credores, há dificuldade de receber os recursos e é vantagem reaver uma parte, em função do tamanho do desconto oferecer. É importante o governo entrar nessa negociação como mediador. É necessário este programa em termos de recomposição de renda”, diz Bergo.

Ele observa que seria importante exigir uma contrapartida de quem aderir ao programa, como fazer um curso sobre educação financeira.

Desenrola

Promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o programa Desenrola deve alcançar 37 milhões de pessoas. O objetivo é cobrir um total de R$ 50 bilhões em débitos.

Os detalhes foram fechados ontem entre Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. De acordo com o ministro, o programa será lançado após a conclusão da plataforma que vai reunir devedores e credores.

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