Quarta-feira, 31 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 30 de dezembro de 2025
O presidente da federação União Progressista, senador Ciro Nogueira (PP-PI), descartou que o projeto presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), esteja sepultado.
Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Nogueira defendeu que o cenário eleitoral seja reavaliado em março, quando será possível aferir a viabilidade da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
“Não é um projeto enterrado, vai depender da viabilidade eleitoral do Flávio”, disse Nogueira, sobre os planos dos partidos de centro de lançarem Tarcisio candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Se ficar claro, em março, que o Flávio vai perder a eleição, o Bolsonaro não vai arriscar, porque ele vai ficar muito tempo preso”, afirmou Nogueira. “A única pessoa que não pode perder a eleição é o Bolsonaro”, prosseguiu.
Nogueira negou que o Centrão tenha resistência a Flávio, observando que, como amigo, optaria pelo senador fluminense. “Ele é um sujeito de bom senso, é moderado, ele se vacinou”, argumentou, lembrando a postura antivacina do ex-presidente na pandemia. Para muitos aliados, essa conduta custou a reeleição a Bolsonaro.
Em contrapartida, enumerou as vantagens de Tarcísio. “Candidato de baixa rejeição, era imbatível, ia aglutinar, de largada, todos os partidos de centro: além da federacão, ia atrair o MDB e o PSD, era um arco maior de alianças, o que não acontece com o Flávio.”
O presidente do PP ressalvou que Bolsonaro tem o direito de escolher o candidato, porque ele é o grande cabo eleitoral da oposição. Mas observou que a dúvida dos partidos de centro, e até da população, é se Flávio vem para “ganhar a eleição”, ou para “manter o legado do pai no controle da família”. Se vier para ganhar, pode atrair mais partidos, vai depender dele”, completou.
O senador do Piauí está convicto de que a eleição de 2026 repetirá a disputa de 2022, quando a população assistiu a uma competição de rejeições. Nogueira reconheceu que Lula também tem alta rejeição, porém, tem mais votos. “Flávio tem condições de diminuir a rejeição, é o grande foco dele”, admitiu. “A rejeição foi o que definiu a eleição passada, por isso, o Tarcísio seria mais forte.”
Nogueira rechaçou que Tarcísio possa repetir a estratégia do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), em 2022. Um dos cotados para disputar o Palácio do Planalto, o político gaúcho deixou o governo no prazo da desincompatibilização, no fim de março. Com o cenário mais claro, no meio do ano, nas convenções, optou por tentar a reeleição. Venceu, mas concorreu fora do cargo. “A decisão tem que ser até março, Tarcísio não vai sair do cargo se for para concorrer em São Paulo”, assegurou.
Em compasso de espera pelo registro oficial da federação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Nogueira disse que a expectativa dele, e do presidente do União, Antonio Rueda, é elegerem, ao menos, 120 deputados federais e 20 senadores no ano que vem. Na composição atual, o bloco conta com 109 deputados e 15 senadores.
Nogueira negou desentendimento entre ele e Rueda em razão de seu recente veto à pré-candidatura do senador Sergio Moro (União) ao governo do Paraná. Líder nas pesquisas para a sucessão do governador Ratinho Júnior (PSD), Moro não poderá concorrer pela federação.
Mas Nogueira minimizou o impasse, e disse que isso não atrapalhará a homologação da federação. “Temos que decidir se vamos focar em eleger governador ou eleger deputados, eu defendo que o foco seja sobre os deputados federais.” Ele explicou que o governador pode trocar de partido a qualquer momento, o que não ocorre com os deputados. Acrescentou que a maior bancada do PP é do Paraná, e que se Moro for candidato ao governo, ela pode minguar.
Por fim, ele lamentou a intenção de Bolsonaro de lançar o vereador Carlos Bolsonaro (PL) ao Senado por Santa Catarina, porque isso dificulta a reeleição do senador Esperidião Amin, quadro antigo do PP. “O PL não pode cometer essa deslealdade com um homem que foi fiel ao extremo com o Bolsonaro.” Amin foi relator do PL da dosimetria, aprovado pelo Senado. (Com informações do Valor Econômico)