Terça-feira, 22 de abril de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 14 de janeiro de 2024
Tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei 1873/23 que pretende incluir no Código Penal brasileiro os crimes de “cancelamento virtual” e “linchamento virtual”, punidos com detenção e multa. O texto define cancelamento como a prática que viola a honra ou imagem de alguém por meio das redes sociais ou qualquer outra interação virtual.
A pena prevista é de 6 meses a 2 anos de detenção. Se praticado por meio de perfis falsos, a punição prevista é de 9 meses a 3 anos de detenção.
O linchamento virtual, por sua vez, é definido como ameaçar alguém pelas redes ou outro meio virtual. A pena de detenção é de 1 a 3 anos. São previstas três agravantes: prejuízo econômico à vítima, ação praticada por duas ou mais pessoas ou se há desdobramento em violência física real. Na avaliação da psicóloga Ilana Pinsky, o problema dificilmente será controlado por uma legislação única, mas uma possibilidade é a criação de regras de convívio para os espaços de interação virtual.
A deputada Rogéria Santos (Republicanos-BA), autora do projeto, disse à Agência Câmara de Notícias que “os usuários da internet se enxergam como capazes de julgar determinada pessoa, tendo em vista que o espaço virtual lhes dá esse poder”.
Para ela, os discursos de ódio na internet surgem com a justificativa de representarem a liberdade de expressão de pontos de vista. No entanto, esses comentários têm a capacidade de fragilizar pessoas, evidenciando nelas traumas e deficiências emocionais.
“Quando alguém pratica algo considerado ‘errado’ perante um grupo, pode-se ocorrer o linchamento virtual, que nada mais é do que punir e fazer justiça, principalmente por meio de comentários e mensagens. por trás das telas podem ocorrer ameaças, xingamentos, ofensas, humilhações, dentre outras formas de ‘condenações, que também são chamadas de ‘cancelamento’”, diz a parlamentar.
A deputada afirma que “o medo de se tornar vítima de ataques virtuais – podendo, em casos extremos, se tornar violência física – impulsiona os usuários de rede social a uma incansável busca por uma perfeição inexistente, a qual impede a pessoa de aceitar seus defeitos”. “Isso faz com que ela comece uma luta interna em que tenta, não consegue e se frustra diante dos conflitos que a vida os apresenta”, completa, ao pedir a punição dos ‘canceladores’.
No exterior, algumas universidades criaram conselhos em defesa da liberdade acadêmica. Um exemplo é a prestigiada Harvard, nos EUA, onde é dado apoio a acadêmicos vítimas de ataques por pesquisas.
“Quando os ativistas gritam no ouvido de um gestor, falamos com calma, mas vigorosamente, no outro (ouvido), o que exigirá que tomem o caminho racional, e não a saída mais fácil”, diz o texto sobre a criação do conselho, que teve a adesão de 70 professores. Iniciativa parecida foi criada para universidades de Londres, entre elas King’s College e Imperial College. A ideia é estimular a criação de protocolos que melhorem o debate acadêmico.