Segunda-feira, 25 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 25 de agosto de 2025
Promessa do governo Lula para ajudar a classe média a comprar a casa própria, a faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) foi lançada em maio, mas ainda não deslanchou, conforme números do setor.
A expectativa de governo e construtoras é de que o novo segmento ganhe tração ao longo dos próximos meses, mas, enquanto isso, surgem algumas conversas em torno de possíveis ajustes para acelerar os negócios.
Desde então, a Caixa Econômica Federal acumula 7 mil contratos assinados, o equivalente a 5,8% da meta de contratação anunciada pelo governo, de 120 mil moradias. Neste momento, o banco tem outros 15 mil contratos na esteira de negociações.
Além disso, contabiliza mais de 1 milhão de simulações, o que demonstra um grande interesse da população, avaliou o diretor de crédito imobiliário do banco público, Roberto Ceratto. “O número de simulações é um bom sinal”, disse ele em entrevista ao Estadão/Broadcast.
A faixa 4 é destinada para famílias com renda mensal de até R$ 12 mil e vale para a compra de moradias de até R$ 500 mil. A grande vantagem é o financiamento de até 420 meses com taxa de juro subsidiada, de apenas 10% ao ano, diferentemente dos negócios fora do programa, em que a taxa média está em 13% ao ano.
O juro alto é a grande barreira para as famílias comprarem imóveis atualmente, pois encarece a parcela do empréstimo bancário. Com a iniciativa, o governo tenta recuperar o poder de compra da população.
“Estamos lidando com um público que, até pouco tempo atrás, não tinha opção de mercado por causa dos juros altos. Leva um tempo até as construtoras adaptarem seus projetos e atraírem esse público de volta”, comentou o diretor da Caixa.
Ceratto avalia também que é cedo para falar em ajustes na nova faixa do programa habitacional. “A faixa 4 está andando e vai crescer mais nos próximos meses. Agora é preciso dar segurança e continuidade ao projeto.”
Já o vice-presidente de Habitação de Interesse Social da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Clausens Duarte, disse que a evolução da faixa 4 está abaixo da esperada desde maio, uma vez que o governo previa contratar 120 mil moradias até o fim do ano que vem. “Então, está abaixo da curva esperada”, citou.
Uma das razões para isso é que faltam casas e apartamentos novos para se enquadrar no segmento. “A nova faixa foi uma surpresa positiva, mas o setor não estava preparado. O volume de oferta para essa faixa estava reduzido”, ponderou Duarte. “O setor recebeu de forma positiva e agora está trabalhando no desenvolvimento de produtos. A expectativa é de que os lançamentos e as vendas neste segmento aumentem ao longo dos próximos 12 meses.”
Enquanto isso, as contratações estão concentradas nos imóveis usados e em apartamentos novos de empreendimentos já lançados, que estão sendo encaixados no programa.
O representante da CBIC acrescentou que o financiamento para as construtoras na faixa 4 do MCMV começou a rodar, mas com recursos de tesouraria (ou seja, sem juro subsidiado). E, por conta disso, ainda não se tornou muito atrativo para os empresários.
Segundo Duarte, há uma conversa com o governo em torno da viabilização de uma fonte de recursos com custo mais competitivo para financiar a produção para essa faixa. “O governo estuda flexibilizar financiamento para pessoa jurídica na faixa 4 do MCMV para acelerar lançamentos”, afirmou.