Domingo, 12 de outubro de 2025

PT é o partido que mais indicou ministros para o Supremo

A aposentadoria antecipada do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso carrega um duplo simbolismo que vai além da definição do seu substituto: o PT se tornará o partido com o maior número de indicações à Corte em perídios democráticos e Lula ficará ainda mais isolado no ranking de presidentes da Nova República que mais nomearam juristas para ocupar cargos na alta cúpula do Judiciário federal.

As últimas duas indicações realizadas por Lula neste mandato – os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino – fizeram o PT se igualar ao Partido Republicano Mineiro, uma das forças do tempo da República Velha, com 15 nomes de sua confiança no STF. Com a aposentadoria de Barroso, a quantidade subirá para 16.

Esse número de indicações por um mesmo grupo político só é superado pela ditadura militar em que os cinco generais presidentes indicaram, entre 1964 e 1985, 32 ministros do STF. Nos dois primeiros anos do regime, Castelo Branco nomeou cinco ministros ao STF. O então presidente ampliou o número de ministros da Corte de 11 para 16 por meio do Ato Institucional número 2, que iniciou o processo de recrudescimento da ditadura.

O ditador ainda foi responsável por outras três indicações. Costa e Silva indicou quatro nomes; Emílio Garrastazu Médici outros quatro; Ernesto Geisel, sete; e João Batista Figueiredo, nove.

Nos seus dois primeiros mandatos, de 2003 a 2010, Lula indicou oito ministros e a ex-presidente Dilma Rousseff outros cinco. A terceira passagem do petista pelo Palácio do Planalto lhe rendeu mais duas indicações. Na atual composição de 11 ministros da Corte, apenas quatro não chegaram ao tribunal pelas mãos dos governos petistas.

O PTB de Getúlio Vargas e João Goulart indicou outros quatro magistrados nos anos 1950 e 1960. Nos governos revolucionário, constitucionalista e ditatorial do Estado Novo, Vargas, sem partido, indicou 19 ministros.

Lula chegará a 11 indicações ao STF neste mandato e, caso seja reeleito no ano que vem, terá mais três nome para apontar à mais alta instância da Justiça brasileira. Ao final do seu ciclo na Presidência, somente Vargas, Manoel Deodoro (15) e Floriano Peixoto (15) – os dois últimos tendo sido os primeiros presidentes do País – terão feito mais indicações que Lula.

O alto número de indicações à Suprema Corte, contudo, não significa garantia de fidelidade desses mesmos ministros ao partido de plantão que governa o País. Nos 13 anos em que comandou a máquina pública federal, o PT amargou duras derrotas impostas por magistrados indicados por Lula e Dilma.

O caso mais recente é do ministro Luiz Fux, indicado por Dilma em 2011, que foi o único a votar pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros golpistas no julgamento realizado pela Primeira Turma do STF. Outro nome emblemático na lista de infiéis ao PT são Dias Toffoli, que impediu Lula de comparecer ao velório do irmão no período em que esteve preso e ainda se alinhou à gestão Bolsonaro.

Em 2018, os ministros Fux, Barroso, Fachin, Cármen Lúcia, Rosa Weber e Alexandre de Moraes votaram contra a concessão de habeas corpus a Lula, que havia sido condenado em segunda instância por denúncias de corrupção no âmbito da Lava Jato. Dessa lista, somente Moraes não chegou ao Supremo por indicação de presidentes filiados ao PT. A decisão dos juízes abriu caminho para que o petista fosse preso na carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde permaneceu por 580 dias.

Indicações de Lula

Cezar Peluso: 2003 – 2012
Ayres Britto: 2003 – 2012
Joaquim Barbosa: 2003 – 2014
Eros Grau: 2004 – 2010
Cármen Lúcia: 2006 – hoje
Ricardo Lewandowski: 2006 – 2023
Menezes Direito: 2007 – 2009
Dias Toffoli: 2009 – hoje
Cristiano Zanin: 2023 – hoje
Flávio Dino: 2025 – hoje. ( Por Weslley Galzo, do portal Estadão.)

 

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