Quarta-feira, 23 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 22 de julho de 2025
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para impedir que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) seja nomeado para cargos comissionados em governos estaduais ou municípios. O pedido foi protocolado dentro do inquérito que investiga suspeitas de obstrução de justiça em processos envolvendo o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e de atentado à soberania nacional por sua atuação no exterior.
Com o término de sua licença na Câmara no último domingo (20), aliados do deputado têm buscado alternativas para mantê-lo no mandato, mesmo morando fora do País. Uma das apostas do grupo é emplacá-lo em uma secretaria estadual em governos aliados, como o de Jorginho Mello (PL), em Santa Catarina, ou de Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo.
Em uma nova petição encaminhada ao Supremo, Lindbergh solicitou o impedimento das indicações para cargos comissionados estaduais.
“Pedimos que Eduardo Bolsonaro seja proibido de ser nomeado para cargo fantasma em governos aliados, manobra para bancar sua fuga e blindá-lo da Justiça”, escreveu em um post no X ao anunciar a protocolação do pedido.
Ainda segundo Lindbergh, a ação também reforçou o pedido de afastamento cautelar do deputado de seu mandato na Câmara.
“O objetivo dissimulado dessa nomeação é garantir sustentação financeira irregular, simular vínculo funcional e permitir a manutenção de sua permanência no exterior, mesmo após o encerramento de sua licença parlamentar e o bloqueio judicial de seus bens e valores”, diz a representação protocolada pelo líder do PT.
O documento também afirma que as possíveis indicações teriam por finalidade “sustentar financeiramente a atuação política e antinacional de Eduardo no exterior, com uso de recursos públicos, e em afronta direta ao interesse público e às medidas cautelares já impostas pela Suprema Corte brasileira”.
O arranjo permitiria a Eduardo permanecer licenciado da Câmara com aval da Casa, mantendo o mandato. Segundo articuladores próximos aos governadores, há uma avaliação de que pode haver disposição para a acomodação, mas as conversas ainda estão em estágio inicial.
O governador que aceitasse nomeá-lo teria que justificar ao eleitorado o pagamento de um salário de secretário a um político que reside no exterior. Com a proximidade da eleição de 2026, contudo, o cálculo muda.
Governadores de direita disputam o espólio de Jair Bolsonaro, e uma eventual ajuda a Eduardo poderia abrir caminho para o apoio do clã na sucessão presidencial. Nos bastidores, no entanto, integrantes dos governos de Ronaldo Caiado (União Brasil), em Goiás, e Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais, demonstraram resistência à ideia.