Domingo, 19 de outubro de 2025

PT pode retirar candidato na Bahia em favor de PSD

Na tentativa de atrair o apoio do PSD à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto, o PT avalia a possibilidade de abrir mão da disputa ao governo da Bahia, controlado há quase 16 anos pelo partido. A tacada de Lula prevê retirar a pré-candidatura do senador e ex-governador Jaques Wagner, cedendo a cabeça de chapa ao senador Otto Alencar, do PSD de Gilberto Kassab.

O atual governador da Bahia, Rui Costa (PT), não pode mais se reeleger e a ideia é que entre no páreo pela vaga que Otto ocupa no Senado. Dessa forma, o vice-governador, João Leão (Progressistas), assumiria o cargo até dezembro. O arranjo ainda não está fechado, mas há chances de Wagner desistir.

Lula, Jaques Wagner, Rui Costa e a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, conversaram com Otto Alencar, em São Paulo. Após o encontro, Wagner afirmou que, por enquanto, não houve uma decisão de abandonar a pré-candidatura ao governo da Bahia. Até agora, a definição da vaga ao Senado vem emperrando as negociações.

“Nosso objetivo é fortalecera a unidade do grupo para ganharmos mais uma vez na Bahia e com Lula. O quadro continua o mesmo, com minha pré-candidatura ao governo e o desejo de Otto e de Leão de disputarem o Senado”, escreveu o ex-governador baiano. “Política é assim: conversa-se muito até se chegar a um consenso.”

O movimento cogitado pelo PT na Bahia vai de encontro aos anseios aliancistas de Lula. O ex-presidente tenta conquistar o mais amplo arco de aliados em partidos de centro e traçou como meta conquistar o quanto antes o apoio nacional do PSD, presidido pelo ex-ministro Kassab.

A Bahia é o quarto maior colégio eleitoral do País e o principal no Nordeste. O comitê de Lula avalia fazer concessões porque considera que o ex-presidente deve sair vitorioso no Estado e não vê risco de perder a preferência para o presidente Jair Bolsonaro. O problema é que a estratégia não necessariamente se reproduziria no plano estadual e existe a necessidade de acomodar os partidos aliados.

ACM

Petistas ouvidos observam que o cenário não se mostra tão favorável a Jaques Wagner, que voltará a ter um embate direto com herdeiros do carlismo, grupo à direita que teve como líder o ex-governador e ex-senador Antônio Carlos Magalhães, morto em 2007. Atualmente, o nome favorito em pesquisas de intenção de voto é o do ex-prefeito de Salvador ACM Neto, do novo União Brasil. Neto rejeita, por enquanto, se vincular a Bolsonaro.

Com o mesmo objetivo, uma ala do PT pede a Lula que reveja o apoio já declarado no Rio ao pré-candidato do PSB, Marcelo Freixo, e considere a pré-candidatura do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Felipe Santa Cruz (PSD). Nesta terça-feira, Lula também conversou sobre o cenário eleitoral com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), que é o maior entusiasta de Santa Cruz.

Até agora, Kassab evita entregar o apoio e a estrutura do PSD a Lula. Ele tentou emplacar como pré-candidato ao Palácio do Planalto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Diante da hesitação de Pacheco, Kassab convidou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, derrotado nas prévias do PSDB.

Segundo os cálculos de Kassab, ter um candidato próprio permitirá ao PSD se manter forte na Câmara e ampliar a bancada. O ex-ministro admite, porém, que a tendência majoritária é a de apoiar Lula no segundo turno da disputa.

No pacote de Kassab, o PT e o PSD ficaram no mesmo barco no Amazonas, onde o grupo político é liderado pelo senador Otto Alencar. Kassab filiou ainda o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, também crítico de Jair Bolsonaro.

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