Domingo, 15 de junho de 2025

PT recusa evento com big techs enquanto Lula cobra militância influencer e PL multiplica seminários

“Muitas vezes a extrema direita faz a gente recuar. Vamos fazer uma revolução na rede digital. Cada um de vocês tem que virar um influencer na internet”, discursou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um evento no 1º de junho. Ele defendia que a militância da esquerda se dedicasse mais à batalha no meio digital, ambiente em que lideranças da direita têm levado larga vantagem em termos de engajamento e audiência.

A vontade de Lula, entretanto, esbarra na disposição do próprio Partido dos Trabalhadores de se mobilizar para a missão. Enquanto o Partido Liberal (PL), legenda que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus principais aliados, multiplica seminários com empresas de tecnologia para aperfeiçoar seus quadros na comunicação digital, os petistas engavetaram a mesma ideia após oposição de alas mais à esquerda da sigla.

Ao menos a Meta (dona de WhatsApp, Instagram e Facebook) e a Alphabet (Google e YouTube) ofereceram ao PT, durante a transição das gestões de Gleisi Hoffman (PR) para Humberto Costa (PE), oficinas sobre boas práticas de uso das redes sociais. A ideia era que os filiados ao PT aprendessem sobre quais tipos de conteúdo, formato, frequência e reembalagem permitem maior distribuição e alcance nas mídias digitais. Houve uma “grita” de setores do partido contrários à iniciativa, relatam reservadamente membros da cúpula, e o plano ruiu.

Nesse meio tempo, o PL já realizou dois seminários com palestras de lideranças bolsonaristas que são referência na atuação online e de profissionais das empresas de tecnologia. Em 21 de fevereiro, na edição de Brasília, estiveram presentes Bolsonaro e seu filho Carlos, vereador pelo Rio de Janeiro e tido como o grande artífice da eleição do pai em 2018 em razão da estratégia digital.

Os ensinamentos que os próprios parlamentares jovens do PL compartilharam, no entanto, ofuscaram o manual de boas técnicas das próprias big techs — além de Meta e Alphabet, o TikTok participou. Presidente do PL Jovem, o deputado estadual do Ceará Carmelo Neto (547 mil seguidores no Instagram), por exemplo, ensinou as centenas de pessoas presentes que “por trás dos cortes (deve haver) mensagens diretas e simples que as pessoas entendam bem”.

Thiago Medina (69,3 mil), vereador em Recife, ensinou como usar os três primeiros segundos dos vídeos para chamar a atenção dos usuários com alguma cena inusitada – e, em seguida, passar a mensagem mais importante. “As pessoas não se conectam com ideias, mas com pessoas”.

Sucesso de público, o seminário voltou a ser feito em Fortaleza em 30 de maio – e também chamou a atenção pela presença das plataformas. Nas redes sociais, usuários de esquerda criticaram o que viram como uma “aliança entre as big techs e a extrema direita”. As empresas, no entanto, dizem se tratar de treinamentos oferecidos para outros partidos, autoridades e empresas. No evento em Brasília, as palestras dos profissionais dessas empresas se restringiram a técnicas de uso, sem viés político.

No último dia 4, a deputada Luizianne Lins (PT-CE) acionou a Procuradoria-Geral Eleitoral e a Polícia Federal acusando o PL de usar empresas como a Meta, o Google e a CapCut para treinar seus militantes políticos. Luizianne alegou que o PL chamou as bigh techs para ensinar à sua tropa as mais avançadas técnicas digitais, com o objetivo de impulsionar mensagens e desconstruir adversários na disputa eleitoral de 2026.

(Com informações do O Estado de S.Paulo)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Política

Ministro iraniano acusa ONU de “indiferença” e diz que reação cessará se Israel recuar
Mortos em Israel sobem para 13 após ataques noturnos iranianos
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play