Terça-feira, 04 de novembro de 2025

QG de Bolsonaro comemora fala de Lula sobre aborto e prepara material de campanha; PT vê “erro” e cobra estratégia

A cúpula que coordena o QG de reeleição do presidente Bolsonaro comemora — e prepara como material de campanha — o uso das últimas falas do ex-presidente Lula consideradas “polêmicas”, principalmente a que ele defende o debate sobre o aborto.

A estratégia é colar ao PT a imagem de que, se eleito, o ex-presidente irá avalizar propostas que não têm consenso na sociedade e tem rejeição do eleitor conservador, da chamada pauta de costumes, como a descriminalização da prática.

Um ministro do governo Bolsonaro, em tom de ironia, recorreu a uma frase atribuída a Napoleão Bonaparte para resumir a avaliação feita no Planalto após essa e outras falas do ex-presidente Lula nos últimos dias: “Não interrompa seu adversário quando ele estiver cometendo um erro”.

Além de defender que a liberação do aborto seja debatida como tema de saúde pública, Lula disse que a classe média “ostenta” e sugeriu que as pessoas busquem endereços de parlamentares e cobrem sua atuação no Legislativo na casa deles — e não em protestos em Brasília (DF).

Todas as frases — de improviso — pegaram de surpresa os coordenadores da campanha de Lula e foram consideradas erráticas e com potencial explosivo de desgaste do ex-presidente junto a eleitores do centro e mais conservadores, como religiosos. Um dos mais próximos auxiliares do pré-candidato resumiu o sentimento no PT com as falas: “estamos no clube dos atônitos”.

Falas

Na última quarta-feira (6), o ex-chefe do Executivo gerou polêmica ao comentar o assunto e dizer que “mulheres pobres morrem”, enquanto “madame pode fazer um aborto em Paris”.

“Essa pergunta já chegou pra mim umas mil vezes: eu [pessoalmente] sou contra o aborto, mas é preciso transformar numa política pública. Mesmo eu sendo contra, ele existe, ele se dá com uma pessoa de alto poder aquisitivo, ela vai ao exterior e se trata. E o pobre, como faz?”, declarou.

“O que acho é que o aborto tem que ter atenção do Estado. O Estado tem que cuidar dessas pessoas. É uma questão de bom senso. Por mais que a lei proíba e a religião não concorde, ele [o aborto] existe. E a partir do momento em que a pessoa esteja no processo de aborto, o Estado tem que amparar essa pessoa”, completou.

No primeiro semestre de 2020, mais de 80 mil mulheres foram atendidas pelo SUS em todo o País em razão de abortos malsucedidos – provocados ou espontâneos. O total é 79 vezes maior do que o de interrupções de gravidez previstas pela lei no período: 1.024 abortos legais realizados à época.

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