Quarta-feira, 05 de novembro de 2025

Quadro fiscal deteriorado e incerteza no ambiente externo ajudam a explicar a manutenção da taxa básica de juros, diz Fiergs

A Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul) afirmou que a incerteza no ambiente externo, potencializada pelas tarifas comerciais impostas pelo governo dos Estados Unidos, ajuda a explicar a permanência da taxa Selic em 15% ao ano. A decisão foi tomada na quarta-feira (17) pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.

“A manutenção dos juros em 15% reflete um cenário ainda marcado pela deterioração do quadro fiscal, pela inflação acima da meta e pela incerteza quanto aos efeitos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil”, afirmou o presidente da entidade, Claudio Bier.

Segundo ele, a política monetária restritiva impõe um elevado custo à estrutura produtiva nacional, pois juros tão elevados penalizam as empresas na medida em que as taxas bancárias também permanecem altas, tornando o acesso ao crédito ainda mais caro e difícil.

O dirigente ressaltou que, na prática, o custo do financiamento para as empresas supera com folga os 15% da Selic, já que os bancos aplicam taxas adicionais e encargos que elevam significativamente o valor efetivo do crédito. “Com o spread bancário e o lucro dos bancos, essa taxa chega a 20%. Não tem atividade econômica no Brasil que resista a essa taxa de juros absurda”, afirmou.

“A indústria gaúcha, em particular, tem enfrentado desafios sucessivos, da estiagem à gripe aviária, passando pelas recentes perdas de capital físico e de infraestrutura logística em decorrência das enchentes, que intensificaram os efeitos dos juros elevados”, disse Bier.

De acordo com ele, avançar rumo a uma trajetória de redução dos juros exige um compromisso firme com o equilíbrio fiscal, capaz de resgatar a confiança e criar condições para o crescimento da produção e do emprego, meta que o governo federal ainda não alcançou.

Fecomércio-RS

A Fecomércio-RS (Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul) afirmou que a manutenção da Selic em 15% ao ano já era esperada.

“A manutenção da taxa de juros em 15% ao ano já era amplamente esperada. Com as expectativas de inflação em queda, ainda que distantes da meta, o aperto monetário torna-se ainda mais intenso. Apesar da desaceleração da atividade econômica, o mercado de trabalho segue resiliente, com taxas de desocupação muito baixas, enquanto os efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos aumentam a percepção de incerteza no cenário atual, reforçando a postura cautelosa do Banco Central. Além disso, embora a inflação tenha registrado resultado negativo em agosto, a abertura dos dados do IPCA mostra que os serviços continuam preocupando, e a queda decorreu essencialmente de fatores pontuais. Como temos reiterado, é urgente promover uma redução estrutural da taxa de juros no País. Para tanto, o governo brasileiro precisa construir condições fiscais sustentáveis, por meio da racionalização e contenção dos gastos públicos. O ajuste das contas via aumento de receitas, como tem sido a prática recorrente do governo atual, já se encontra esgotado e insustentável a médio prazo”, disse o presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Vereadores de Porto Alegre aprovam projeto que concede auxílios aos profissionais do Programa Mais Médicos
Lula lidera em todos os eventuais cenários para as eleições presidenciais de 2026, aponta pesquisa Quaest
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play