Quarta-feira, 05 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de setembro de 2025
A Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul) afirmou que a incerteza no ambiente externo, potencializada pelas tarifas comerciais impostas pelo governo dos Estados Unidos, ajuda a explicar a permanência da taxa Selic em 15% ao ano. A decisão foi tomada na quarta-feira (17) pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.
“A manutenção dos juros em 15% reflete um cenário ainda marcado pela deterioração do quadro fiscal, pela inflação acima da meta e pela incerteza quanto aos efeitos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil”, afirmou o presidente da entidade, Claudio Bier.
Segundo ele, a política monetária restritiva impõe um elevado custo à estrutura produtiva nacional, pois juros tão elevados penalizam as empresas na medida em que as taxas bancárias também permanecem altas, tornando o acesso ao crédito ainda mais caro e difícil.
O dirigente ressaltou que, na prática, o custo do financiamento para as empresas supera com folga os 15% da Selic, já que os bancos aplicam taxas adicionais e encargos que elevam significativamente o valor efetivo do crédito. “Com o spread bancário e o lucro dos bancos, essa taxa chega a 20%. Não tem atividade econômica no Brasil que resista a essa taxa de juros absurda”, afirmou.
“A indústria gaúcha, em particular, tem enfrentado desafios sucessivos, da estiagem à gripe aviária, passando pelas recentes perdas de capital físico e de infraestrutura logística em decorrência das enchentes, que intensificaram os efeitos dos juros elevados”, disse Bier.
De acordo com ele, avançar rumo a uma trajetória de redução dos juros exige um compromisso firme com o equilíbrio fiscal, capaz de resgatar a confiança e criar condições para o crescimento da produção e do emprego, meta que o governo federal ainda não alcançou.
Fecomércio-RS
A Fecomércio-RS (Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul) afirmou que a manutenção da Selic em 15% ao ano já era esperada.
“A manutenção da taxa de juros em 15% ao ano já era amplamente esperada. Com as expectativas de inflação em queda, ainda que distantes da meta, o aperto monetário torna-se ainda mais intenso. Apesar da desaceleração da atividade econômica, o mercado de trabalho segue resiliente, com taxas de desocupação muito baixas, enquanto os efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos aumentam a percepção de incerteza no cenário atual, reforçando a postura cautelosa do Banco Central. Além disso, embora a inflação tenha registrado resultado negativo em agosto, a abertura dos dados do IPCA mostra que os serviços continuam preocupando, e a queda decorreu essencialmente de fatores pontuais. Como temos reiterado, é urgente promover uma redução estrutural da taxa de juros no País. Para tanto, o governo brasileiro precisa construir condições fiscais sustentáveis, por meio da racionalização e contenção dos gastos públicos. O ajuste das contas via aumento de receitas, como tem sido a prática recorrente do governo atual, já se encontra esgotado e insustentável a médio prazo”, disse o presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn.