Quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Qual a cor da sua consciência?

Dia 20 de novembro é o “Dia da Consciência Negra” no Brasil, esta data marca a morte de “Zumbi dos Palmares”, líder negro do Quilombo dos Palmares e da resistência escravista, durante o período colonial português em nosso país.

Esta importante marca histórica nos remete a um momento de reflexão, principalmente no que tange a dívida que a sociedade brasileira possui junto aos afrodescendentes, pois foram quase 400 anos de escravidão, mas por certo, tanto quanto mais grave, foi a construção de gerações de pessoas preconceituosas e racistas, que contribuíram e seguem contribuindo diariamente para maximizar a discriminação e o preconceito e, a partir daí, fomentar o descaso e a falta de oportunidades para com a classe negra brasileira.

Entendermos e aceitarmos esta realidade é o primeiro passo para uma sociedade mais justa, igualitária e antirracista, a comunidade negra representa 56% da população brasileira, que a cada dia trabalha para consolidar a democracia em nosso país, a mesma que muitas vezes lhes foi e, em muitos aspectos, continua sendo negada.

O “Racismo Estrutural” colabora diariamente para a manutenção da segregação, um exemplo disso são as novelas, onde os personagens negros, invariavelmente, aparecem em situações sociais negativas ou exercendo profissões de “menor expressão”.

Em 2021 um caso emblemático aconteceu, entre tantos que, infelizmente, acontecem cotidianamente com pessoas anônimas e dessa vez não foi nas novelas, mas na vida real.

A mãe da cantora Marília Mendonça, que havia perdido sua filha em um acidente aéreo, estava no velório ao lado do corpo, se despedindo da jovem, ao seu lado um homem negro lhe acompanhava, no mesmo dia foi publicado que aquele homem era um segurança da família. 

Por que aconteceu esse grave engano? 

Nas novelas da televisão, os personagens negros, geralmente, são os copeiros, faxineiros, jardineiros, motoristas ou seguranças, pois agora na vida real, um membro da família é confundido com um segurança!

Qual o motivo que levou a esse engano, a esse absurdo de confundirem o marido da mãe da cantora falecida, com um segurança?

A resposta é simples: “Racismo Estrutural”! 

Só há uma maneira de vencer o preconceito e o racismo, é a resistência e a partir daí, a formação de uma nova percepção nas gerações futuras, e isso, se dará a partir da Educação, do esclarecimento e da construção de uma nova consciência em cada um, uma consciência sem cor, pois ninguém nasce preconceituoso ou racista, somos “programados” dessa forma, pela sociedade em que vivemos.

O dia 20 de novembro não deve ser visto apenas como uma data “comemorativa”, se é que há algo a comemorar, mas principalmente como um momento de reflexão e, principalmente, como uma oportunidade de iniciarmos uma mudança de consciência e atitude, pois só assim estaremos contribuindo para um futuro menos preconceituoso e racista.

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.” (Nelson Mandela).

Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista! Qual a cor da sua consciência?  

Luís Eduardo Souza Fraga é historiador e escritor

    fragaluiseduardo@gmail.com

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