Terça-feira, 24 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 14 de março de 2023
A tentativa de trazer ilegalmente ao Brasil joias avaliadas em R$ 16,5 milhões para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro mobilizou esforços dos homens de confiança do ex-presidente. O tenente-coronel Mauro Cid, por exemplo, que foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, emitiu um ofício com o brasão da República para pedir a liberação das joias apreendidas em Guarulhos.
Foi o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ajudante de ordens e “faz-tudo” do então presidente Jair Bolsonaro, quem pediu, com “urgência”, avião da FAB e diárias para a ida do sargento Jairo Moreira da Silva a São Paulo, três dias antes do fim do mandato, para buscar as joias apreendidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos. Esse fato é uma espécie de “impressão digital” de Bolsonaro na tentativa de liberar as peças, que valem R$ 16,5 milhões.
Segundo ofício publicado pelo Estadão, foi “atendendo demanda recebida do chefe da Ajudância de Ordens do presidente da República” que o governo autorizou a viagem de Jairo “de Brasília para Guarulhos, em voo da FAB, em 29 de dezembro de 2022, para atender demandas do senhor presidente da República”. O documento frisa, ainda, que o retorno seria em voo comercial.
O então chefe da Ajudância de Ordens do presidente era justamente o tenente coronel Mauro Cid, da ativa do Exército, que executava todas as ordens do presidente, cuidava de seus papéis, discursos e demandas pessoais e o acompanhava praticamente o tempo todo, na rotina do Planalto, nas viagens e até nos debates presidenciais de 2022, dando sugestões, apresentando documentos e dados.
Braço direito e homem de confiança do ex-presidente Bolsonaro, ele ficou responsável por adiantar o cadastro das joias que ainda estavam retidas nos cofres da Receita, e teve apoio de Cleiton Henrique Holzschuk, segundo-tenente do Exército. Holzschuk enviou ofício do departamento para pedir a liberação das joias para o presidente Bolsonaro.
Um segundo pacote com joias chegou a entrar no Brasil sem que as autoridades fossem comunicadas, trazido pela comitiva de Bolsonaro em outubro de 2021. A PF apura se o ex-presidente catalogou o conjunto na lista de bens pessoais antes de deixar a presidência.
Cid disse que Bolsonaro teria um acervo, tanto no Palácio do Planalto quanto no Alvorada, para onde ia tudo que ganhava.