Sexta-feira, 07 de novembro de 2025

Quem é Zohran Mamdani, crítico de Trump e primeiro muçulmano a se eleger prefeito de Nova York

Confirmando as pesquisas que o projetavam como favorito, o democrata Zohran Mamdani venceu as eleições para a prefeitura de Nova York com uma biografia que, no papel, não indica qualquer favoritismo: um jovem de 34 anos, autodeclarado socialista, imigrante africano e muçulmano.

Mamdani assume o cargo mais alto da maior cidade dos EUA no próximo dia 1º de janeiro. A conquista eleitoral foi construída com propostas à esquerda das de seu próprio partido e vídeos nas redes sociais — foi pelo Tiktok que ele anunciou, enquanto corria uma maratona, que se candidataria nas primárias democratas à prefeitura de Nova York.

Carismático, Mamdani abocanhou não só a vitória nas primárias democratas, que ocorreu semanas depois de seu anúncio, derrotando o experiente ex-governador nova-iorquino Andrew Cuomo, derrotado novamente após decidir concorrer à prefeitura como candidato independente.

Mamdani também se tornou a grande promessa de renovação do Partido Democrata após a amarga derrota nas eleições presidenciais de 2024, e virou alvo de comparações como ex-presidente Barack Obama.

“Eu mal havia ouvido falar de Mamdani, e não sabia que ele ia concorrer à prefeitura até ele aparecer no ‘feed’ do meu Instagram e Tiktok”, disse o escritor nova-iorquino Chris Hayes, autor do livro de política norte-americana “O Canto da Sereia”, sobre narrativas políticas para ganhar atenção dos eleitores, a um podcast do jornal “The New York Times”.

A estratégia nas redes sociais, com vídeos irreverentes e referências do cinema moderno e até de Bollywood, não foi a única responsável pela ascensão meteórica em meses de Mamdani. Seu histórico e sua agenda política também o ajudaram.

O candidato democrata é um imigrante africano nascido em Uganda e declaradamente socialista que defende pautas como supermercados subsidiados, a gratuidade do transporte público e de creches escolares gratuitas e o congelamento do aluguel de quase um milhão de nova-iorquinos.

Mamdani é também muçulmano e frequentemente fala sobre sua fé, algo encarado como tabu na cidade, devido aos atentados de 11 de setembro de 2001. Em discurso no fim de outubro, ele afirmou que não viveria mais “nas sombras”.

“O sonho de todo muçulmano é simplesmente ser tratado da mesma forma que qualquer outro novaiorquino. No entanto, por muito tempo, nos disseram para pedir menos do que isso e para nos contentarmos com o pouco que recebemos. Chega”, declarou.

A candidatura de Mamdami causou um terremoto no Partido Democrata. Andrew Cuomo, de 67 anos e então nome natural da sigla para a prefeitura nova-iorquina após comandar por dez anos o estado de Nova York, decidiu se lançar como candidato independente.

Na semana passada, Cuomo recebeu apoio do atual prefeito Eric Adams, que desistiu de disputar a reeleição (leia mais abaixo). E, na segunda-feira (3), ninguém menos que o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou apoio ao ex-governador democrata, desencorajando eleitores em votarem no candidato de seu próprio partido, Curtis Sliwa, já em 3º nas pesquisas de intenção de voto.

Trump, aliás, é o único político norte-americano que conseguiu aplicar com sucesso a mesma estratégia de redes sociais que Mamdani usa, diz o escritor Chris Hayes. Ambos, segundo Hayes, conquistaram eleitores com discursos afiados e explorando de forma certeira suas redes sociais.

Os vídeos de Mamdani no Tiktok, onde ele tem 1,6 milhão de seguidores, já conquistaram 23,6 milhões de curtidas.

A grande diferença é o espectro em que cada um se encontra. Trump, que já chamou Mamdani de um “lunático comunista”, se elegeu com promessas de caçar e expulsar imigrantes em situação irregular nos EUA, o que ele vem cumprindo.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Mundo

PT vai pressionar Lula a vestir “utopia socialista” após vitória de prefeito de esquerda em Nova York
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play